E eis que, de repente, ao som de um granizo assustador que espalha um pouco o pânico aqui por Benfica, e à luz de uns belíssimos trovões, leio a crónica de Vasco Pulido Valente no Público de hoje (sem link) e dou por mim a concordar, se não com tudo o que diz, pelo menos no essencial do que transcrevo:
«Os quatro presidentes da República, para celebrar o “25 de Abril”, vieram pedir aos portugueses nada mais, nada menos do que um “compromisso nacional”. (…) Os catequistas do entendimento patriótico não querem mudar o mundo. Querem com a modéstia que sempre os distinguiu uma única coisa: que o PS não fique na oposição. Porquê? Porque gostam dele? Não. Porque têm medo que o PS um dia destes venha para a rua com o PC e o Bloco e com a gente que por aí anda na maior miséria. O “compromisso” nacional não se destina a estabelecer a fraternidade e o sossego entre a populaça. Ao que se destina é a isolar a extrema-esquerda e a privar o presumível descontentamento com as medidas do FMI e da “Europa” de uma cabeça política eficaz. Daí que ninguém se atreva a sugerir uma segunda Aliança Democrática: puro anátema para os crentes e quase uma provocação para o PS. Os presidentes não gostam disso. Nem os “negócios”, nem a “burguesia”, nem a “alta classe média”. Antes de tudo, ordem e sossego.»
Ninguém sabe como será desatado o nó do empate técnico que as previsões atribuem, neste momento, a PS e PSD. Mas qualquer que seja o desfecho, parece-me que o «processo de intenções» (chamemos-lhe assim) de VPV em relação aos presidentes faz todo o sentido.
E se a cena que ele prevê como possível, de um PS de braço dado com a esquerda da esquerda pelas ruas do país, a aplaudir os Homens da Luta e a cantar «que parvo que eu fui!», parece hoje fantasmagórica, basta recuar nove anos e refrescar as memórias: Ferro Rodrigues foi o primeiro secretário-geral do PS a ter participado numa manifestação do 1º de Maio da CGTP.
Isto aconteceu no dia 1 de Maio de 2002, vinte e cinco dias depois de Durão Barroso ter tomado posse como PM, na sequência do pedido de demissão de António Guterres. E e de o PS ter passado, portanto, para a oposição…
Mas não assistiremos, em Junho ou Julho de 2011, a algo de semelhante, Porque o mais provável é que o desejo dos 4 PRs se realize e que o PS vá mesmo para o governo.
Mas não assistiremos, em Junho ou Julho de 2011, a algo de semelhante, Porque o mais provável é que o desejo dos 4 PRs se realize e que o PS vá mesmo para o governo.
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1 comments:
Pelos vistos convergem, por motivos diferentes, as análises de VPV, a de Miguel Portas ontem no FB e a da carta dos economistas Ricardo Reis e Luís Garriano ontem no Financial Times (http://www.tsf.pt/PaginaInicial/Economia/Interior.aspx?content_id=1839778&tag=FMI&page=-1).
É que o que pode resultar desta aliança partidária do centro e direita em torno da troika, é o fortalecimento da esquerda (BE e PCP), eventualmente reforçada pelos descontentes do PS que se situem mais à esquerda, além, claro está, do genuíno mal estar do povo trabalhador e explorado que tenderá a não ficar calado!
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