A partir de agora, a França pode expulsar do seu território estrangeiros gravemente doentes, já que o Senado acaba de ceder a pressões governamentais nesse sentido. Mais concretamente, foi alterada uma disposição legal que concedia direito de residência a doentes com morada habitual em França «com a condição de não poderem beneficiar, efectivamente, de tratamento apropriado no seu país». A dita disposição explicita agora: «com a condição de não existir tratamento apropriado no seu país».
Vai dar ao mesmo? Não, defendem as organizações que se opõem à alteração: teoricamente, não há tratamentos «inexistentes» em nenhuma parte do mundo, ao mesmo tempo que, na prática, continuam inacessíveis a um número elevadíssimo de pessoas que deles necessitam.
Existiam abusos? Que fossem identificados. Estaremos a falar de um batalhão de imigrantes agonizantes ou quase? Parece não ser o caso: segundo dados de 2008, representariam, no máximo, 0,04% da população recenseada em França.
Trata-se, sim, de homofobia crescente, de defesa da quinta e do quintal, da desesperada ilusão de resolver crises e carências com egoísmos mesquinhos que já se revelaram inelutavelmente ineficazes, da eterna tentação de erguer muros protectores, em cimento ou sob a forma de passaporte.
Dói especialmente quando tudo isto se passa na pátria das nossas grandes utopias, da igualdade e da fraternidade, onde os novos «sans-culottes» do mundo são atirados sem cerimónia para a valeta do século XXI.
(A partir daqui.)
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