Já nem me lembro há quantos meses (ou serão anos?) não cito José Pacheco Pereira. Mas a primeira parte do seu artigo no Público de hoje (sem link) vai ao cerne de uma questão que pode parecer secundária mas que não o é. A humilhação a que fomos sujeitos na semana que hoje termina não é de somenos importância e é grave.
«Este é um dia estranho. Mais estranho ainda porque a sua estranheza passa despercebida a muita gente. Estamos como que anestesiados, passados, adormecidos, atordoados, escolham o termo. No dia em que escrevo, passaram 24 horas sobre saber-se quem governa Portugal nos próximos três anos. E não somos nós, nem quem escolhemos, nem quem vamos escolher. São “eles”, um deles de olhos azuis, como diz a comunicação social com o seu gosto pela trivialidade, direitinhos, capazes, sóbrios, eficazes, “eles”. Isto é natural? Não é. Pode ser inevitável, mas natural não é. E também não é natural que achemos com tanta facilidade que o é. (…)
Ninguém acha mal, estranho, bizarro, que burocratas, funcionários, sem qualquer legitimidade democrática, apareçam a dizer o que devemos fazer e a comentar com displicência o que fizemos ou não fizemos. Os patrões deles nem sequer se dignaram aparecer. Tinha sido melhor. (…) Seria sido melhor mas nem isso já merecemos, porque achamos bem que o funcionalismo europeu, os burocratas de Bruxelas, dêem conferências de imprensa muito para além do seu mandato e do seu poder. Ah! O estado de necessidade faz engolir a vergonha!».
(O realce é meu.).
5 comments:
Tem sido um descalabro, desde que um técnico qualquer (comissário é técnico, porque comissão não é um órgão político, é um órgão de fiscalização) mandou calar o Presidente da República.
Mas afinal quem governa o mundo?! Não é o Dinheiro?! Qual é a surpresa?!
Bom era que o povo português esquecesse de uma vez por todas que existe o dinheiro "fácil", e regressassem à agricultura e às pescas (no mínimo)...e fizessem boicote ao consumismo desenfreado, que é a nova droga com que nos querem submeter!
Aprendamos com a humilhação!
É muito triste termos que recorrer a alguem de quem nem podemos um dia saber quem é a mãe!
Até seria bom eles escolherem alguem para ser 1º ministro, e não gastarmos tempo e dinheiro em eleições.
MAS NÃO ERA SÓ A ESQUERDA RADICAL QUE FALAVA DESTE MAL?
ERA, diz bem, Rogério...
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