… de um post que escrevi ontem, regresso ao tema dos jovens.
Mais do que o conteúdo de um artigo hoje publicado em El País - Portugal pierde a una generación -, foi o próprio título que me levou para um outro excelente texto, publicado no mesmo jornal já há alguns meses, mas que só ontem li: Las ilusiones perdidas.
Se este último fala especificamente de Espanha, é a mesma realidade que está em causa, cá como lá: o mais que batido e debatido problema de muitos jovens que se consideram sem perspectivas em tempo útil e que vêem como única porta de saída na vida o aeroporto, alguma Europa ou o resto do mundo.
Se, até há poucos anos, viajar era um privilégio que «lhes permitia gozar uma liberdade sem limites, um mundo sem fronteiras, uma capacidade quase infinita de aprendizagem», hoje «a mala parece diferente, a fila de espera para o embarque é embaraçosa, a despedida é mais triste e paira no ar o fantasma da ausência definitiva».
Por mais que se considere que tudo isto é mais ou menos normal, que o universo não acaba em Barajas ou na Portela de Sacavém, e que somos cidadãos de um mesmo mundo que a todos pertence, a verdade é que não é pelos melhores motivos que assistimos a este êxodo involuntário, por motivos económicos, diferentes dos que existiram há cinquenta anos porque agora atingem também, e talvez sobretudo, muitos dos mais qualificados.
«Vão-se, pouco a pouco, sem nenhum alvoroço. Um gota a gota de seiva nova que sai do país, desmentindo a velha quimera segundo a qual a história é um caudal contínuo de melhorias.»
Quando se sabe que, por exemplo em Espanha, não se espera recuperar as taxas de emprego anteriores à crise senão dentro de quinze anos, as esperanças recuam…
E, no entanto, nada disto estava escrito na pedra, nada era inevitável. E é isso que é revoltante.
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