10.5.11

Terrorismo bom?


Passou uma semana mas o assunto está longe de estar encerrado, com argumentos e contra-argumentos, em aplauso ou condenação do assassinato de Bin Laden. Apesar de tudo o que tenho lido, mantenho o que escrevi desde as primeiras horas.

Verifico, com natural satisfação, que a crónica de Manuel António Pina, no JN de hoje, coincide exactamente com o que penso.

Terrorismo bom?

Acho que foi Sartre quem disse que a guerra é um país a defender-se de outro país que, por sua vez, se defende do país que se defende (saber quem começou é problema semelhante ao do ovo e da galinha).

Quem lê estas crónicas sabe que nutro particular repugnância moral tanto pelos métodos como pela fundamentação e objectivos do terrorismo islâmico. E quero crer que ele terá ganho a guerra contra as democracias quando estas se dispensem dos seus valores fundadores para adoptar métodos, não direi iguais, mas idênticos (a execução sem julgamento, isto é, o assassinato, de Bin Laden foi - dir-se-á -"selectivo") aos de organizações como a al-Qaeda.

Ora à luz de tais valores, plasmados em inúmeras convenções internacionais, mesmo um criminoso sanguinário como Bin Laden teria direito a um julgamento público e justo como o que tiveram os não menos sanguinários criminosos nazis no final da II Guerra. Executá-lo friamente, apesar de desarmado, juntamente com familiares, após informações obtidas (confirmou-o o director da CIA) sob tortura, não pode ser classificado como justiça mas sim, até tendo em conta os seus objectivos desmoralizadores, como terrorismo.

Parece no entanto que, face às reacções eufóricas de muitos líderes ocidentais, este será terrorismo bom e o "outro" é terrorismo mau, posição obviamente reversível do ponto de vista da al-Qaeda. Ou seja, e voltando a Sartre, terrorista é o "outro".
(O realce é meu.)
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