31.7.11

Há 50 anos – Fuga de dezenas de estudantes das ex-colónias


Contributo de Diana Andringa.

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Se 1961 é há muito reconhecido como o annus horribilis de Salazar, trazendo imediatamente à memória o desvio do paquete Santa Maria, o início da luta armada de libertação em Angola, a tentativa de golpe de Botelho Moniz e o fim do então chamado «Estado Português da Índia», um episódio há que, embora menos conhecido, não deixou de afectar também o regime: a fuga de Portugal de dezenas de jovens das ex-colónias que se encontravam a estudar em Lisboa, Coimbra e Porto.

Por via legal, uns – usando para obter o passaporte pretextos tão diversos como promessas a cumprir em santuários franceses, viagem de lua-de-mel, actividades desportivas e até pertença a grupos musicais – por via clandestina, outros, cerca de uma centena de jovens abandona tudo, quer para se juntar à luta contra o colonialismo português, quer para evitar ser chamado a combater nas fileiras do exército português.

Entre esses fugitivos, alguns cujos nomes vieram a tornar-se bem conhecidos. Pedro Pires, Joaquim Chissano, Fernando França Van-Dunen e Pascoal Mocumbi, por exemplo, integraram um numeroso grupo que saiu de Portugal e chegou a França em carros conduzidos por jovens protestantes norte-americanos, com o auxílio de uma organização francesa especializada no resgate de pessoas em risco, a CIMADE, e o apoio financeiro e diplomático do Conselho Mundial das Igrejas.

Cinquenta anos depois, por iniciativa da Fundação Amílcar Cabral e do presidente Pedro Pires, um encontro em Cidade da Praia permitiu o reencontro de diversos fugitivos de há 50 anos com os seus «condutores» norte-americanos.

É a essa fuga e a esse reencontro que se refere o texto da Associação Tchiweka de Documentação que podem ler AQUI.

(*) - Diário de Lisboa, 15 de Julho de 1961, Fundação Mário Soares

P.S. - Há cerca de dois anos, pubiquei um texto sobre este tema nos «Caminhos da Memória»: Fugir para lutar. Deixo-o em anexo a este post.


Fugir para lutar

Abril de 1961. A guerra em Angola começara há pouco mais de um mês. As vitrinas do Palácio Foz, então sede do Secretariado Nacional de Informação ostentam ainda as terríveis fotografias dos massacres levados a cabo pela UPA (União dos Povos de Angola), no levantamento armado de 15 de Março – que o primeiro presidente do MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola), Mário Pinto de Andrade, viria a classificar de “jacquerie”. A Censura impedira os portugueses de conhecer outros massacres anteriormente ocorridos: milhares de mortos de população civil angolana, na repressão da revolta dos plantadores de algodão da Baixa do Cassange, centenas de mortos nos ataques aos muceques de Luanda e na repressão em Icolo e Bengo, na sequência do assalto pelos nacionalistas às prisões e quartéis da capital angolana, ocorrido a 4 de Fevereiro.

Os estudantes africanos em Portugal temem que também sobre eles se abata a repressão. Muitos deles – “nacionalistas progressistas” da Casa de Estudantes do Império, na classificação do inspector Sachetti [1], baptistas e metodistas dos lares de Lumiar de Carcavelos – tinham acorrido ao aeroporto de Lisboa em Dezembro de 1960, protestando contra a deportação do médico Agostinho Neto para Cabo Verde, sendo por isso identificados e retidos para interrogatório pela PIDE. Por outro lado, a guerra que alastra em Angola dá-lhes uma oportunidade de se juntarem às forças que combatem o colonialismo português.

Com um número muito reduzido de militantes em Conacry – Mário Pinto de Andrade, Viriato da Cruz, Lúcio Lara, Eduardo dos Santos e Hugo de Meneses – e um pequeno núcleo no então Congo-Brazaville, o MPLA apela aos jovens nacionalistas para que abandonem Portugal e reforcem as estruturas do Movimento no exterior.
O MEA, Movimento de Estudantes Angolanos, constituído sobretudo por frequentadores da Casa de Estudantes do Império, decide então enviar dois representantes a França, onde mais facilmente poderiam tentar contactar a Direcção do MPLA. Edmundo Rocha e Graça Tavares são os escolhidos. A resposta do Movimento, de que não tem possibilidade de os apoiar na saída, leva-os a procurar novos caminhos. Na Bélgica e na Alemanha, vão juntar-se a outros estudantes das colónias portuguesas – José Carlos Horta, de Moçambique, José Fret Lao Shong e Manuel Pinto da Costa, de S. Tomé, Alberto Passos, Arlindo Barbeitos, Carlos Rocha, Desidério Costa, Luís de Almeida, Luísa Gaspar e Ruth Neto, de Angola. E parte de Desidério Costa e Luísa Gaspar a sugestão de um contacto com o bispo metodista de Frankfurt, que talvez os possa ajudar. Este põe os jovens nacionalistas em contacto com outro bispo, Black, da Assembleia Mundial das Igrejas Protestantes, em Genebra. Conhecedor da realidade angolana através de um outro bispo protestante, Ralph Dodge, que vivera muitos anos em Angola, Black apoia as reivindicações dos nacionalistas. (Rocha, 2002:219). Ao responder ao incitamento do MPLA, é das igrejas protestantes, nomeadamente norte-americanas, que os jovens delegados do MEA vão receber auxílio.

Finais de Maio. João Vieira Lopes, finalista de Medicina e Gentil Viana, estudante de Direito, recebem a visita do pastor protestante francês Jacques Beaumont [2]. Beaumont pertence à CIMADE, uma organização ecuménica ligada aos movimentos protestantes de juventude, criada em 1939 para apoiar os refugiados reagrupados nos campos do sul da França, que participara activamente na resistência contra o nazismo e o resgate de Judeus, durante a Segunda Guerra Mundial e se envolvera depois na luta pela independência e o desenvolvimento das colónias, nomeadamente da Argélia.

Acompanhado de outros activistas protestantes, como Charles Harper e Bill Nottingham, Jacques Beaumont vem ajudar a organizar a fuga dos nacionalistas africanos. Anos mais tarde – em 1990 – Bento Ribeiro (Cabulo) [3] recorda alguns descuidos nos contactos havidos:

«Fizemos bastantes erros… O secretário-geral da CIMADE encontrou-se várias vezes connosco no Mandarim… A Pide estava bem informada das nossas movimentações. A maior parte dos angolanos de Coimbra vivia na Rua Antero de Quental, – era onde eu ficava quando ia a Coimbra. A PIDE ficava na mesma rua… Éramos vizinhos do inspector Sachetti, que nos cumprimentava muito afavelmente, mas nos interrogatórios posteriores à nossa saída demonstrou que sabia dos encontros com o secretário-geral da CIMADE.»

Com mais ou menos erros, a fuga dos jovens nacionalistas começa, integrando não só angolanos mas também nacionalistas de outras colónias africanas, como Joaquim Chissano, moçambicano, e Pedro Pires, cabo-verdiano [4]:

«O Iko Carreira é que foi o meu elemento de ligação com o grupo. A organização era de protestantes – houve um elemento de ligação americano protestante preso connosco em San Sebastian . Houve um primeiro grupo que saiu, que passou normalmente a fronteira espanhola-francesa e estava-se a preparar um segundo grupo, convidaram-me para fazer parte e eu aceitei imediatamente. Eu estava na tropa.»

Como Pedro Pires, muitos outros estavam em idade militar e só tinham duas opções: ou ficar e ir combater contra os seus ou sair e juntar-se aos que lutavam no exterior. Optaram, naturalmente, pela segunda.

Estruturaram-se em grupos de 3 a 5 pessoas, em Lisboa, Coimbra, Porto. O local escolhido para a passagem da fronteira foi o Norte de Portugal:

«Um camarada nosso, estudante de Medicina, tinha um amigo que era casado com uma senhora do Norte de Portugal que tinha família na Galiza. Esta senhora pôs-nos em contacto com um familiar, que nos disse que, através de contrabandistas, podia pôr-nos fora de Portugal. Ele era anti-franquista, tinha família dos dois lados da fronteira, tinha os contactos todos feitos. Era preciso pagar – e havia depois a Espanha franquista.» [5]

Era nesta segunda fase que a CIMADE se revelava ainda mais importante, garantindo uma travessia tranquila rumo a França. Embora nem todos os fugitivos fossem protestantes, não contactaram qualquer estrutura ligada à Igreja católica, por esta ser considerada demasiado próxima do regime. Segundo as informações que recolhemos, tampouco o PCP terá sido contactado.

Entretanto, alguns saem legalmente, como Amélia Araújo [6], que pretexta uma ida ao Santuário de Lourdes com a filha de poucos meses a fim de agradecer à Virgem a cura de uma doença da menina, ou Manuel Videira [7], que se justifica com a lua de mel antes do cumprimento do serviço militar. Rui de Sá (Dibala) [8], consegue visto à conta do desporto: jogador de volley no Benfica, acompanha a sua equipa a um torneio em Asnières, França, e arranja ainda maneira de assistir à participação do clube, com Eusébio, no torneio anual do Paris Saint- Germain. Ou ainda como Gim Monteiro [9], que integra a digressão de um episódico Trio Ouro Negro…

Os que saem clandestinamente partem de Lisboa e de Coimbra para o Porto e daí para o rio Minho, que deverão atravessar em botes de contrabandistas.

À frente do grupo de Lisboa estão, segundo João Vieira Lopes, membros das células clandestinas do MPLA, que dá como existindo em Portugal desde 1960. Dos cabecilhas, só um, Pedro Filipe, não seria do MPLA, mas sim militante da UPA/FNLA: «Na altura não fazia diferença.» Ainda segundo Vieira Lopes, «saíram de Lisboa para o Porto, em carros e comboios, mais de 80 pessoas, incluindo crianças de 2 a 5 anos e mulheres grávidas, uma delas de 8 meses».

Pelo meio há episódios curiosos, como relata um dos elementos da CIMADE, Charles Harper:

«Um desvio não planificado leva-nos directamente para uma festa do S. João, em pleno centro de Santo Tirso. Os habitantes parecem surpreendidos perante tantas caras negras. Felizmente, é a época do delírio em torno do rei Pélé. Recebem-nos bem e abrem caminho para passarmos.»

É um facto que, nessa época, os negros que a população conhece são, sobretudo, os grandes nomes do futebol. Os fugitivos são tratados, portanto, com toda a simpatia. Foi aliás um jogador de futebol da Académica, Daniel Chipenda, que convidou Jorge Valentim a integrar a fuga. No seu livro «Esperança», Valentim conta que, no dia combinado, deixou a casa como normalmente, acompanhado por Mateus da Silva, encontrando-se depois ambos num café com um cidadão americano, que falava português e guiava um carro Mercedes Benz. Na fronteira do Minho juntaram-se a outros colegas, formando um grupo de 19 pessoas. A saída para Espanha decorreu sem problemas, bem como a travessia do país e a passagem para França: embora os passaportes que lhes tinham dado tivessem fotos que não coincidiam, e lhes atribuíssem uma língua que desconheciam, passaram sem incidentes para território francês, onde os esperava a gente da CIMADE.

As coisas não correriam tão bem com o segundo grupo, de cerca de cem pessoas:
«Saímos em 3 vagas. A primeira chegou a Espanha, passou pela Espanha e seguiu directamente para França e dali para a Suíça. A segunda vaga parou em Espanha à espera da terceira, para depois seguirem juntas para França. Eu fiz parte dessa segunda vaga, estive 20 dias fechado à espera dos outros, nem podíamos assomar à janela. Depois fomos atravessar a fronteira, os espanhóis não acreditaram nos salvo-condutos senegaleses. A nossa história era que éramos estudantes senegaleses em França, tínhamos atravessado a fronteira em Barcelona, não tinham posto carimbo… os espanhóis não acreditaram, levaram-nos para a Cadeia Distrital.» [10]

«Saímos de Lisboa, fomos ao Porto, e a altas horas da noite partimos para a fronteira, para o Rio Douro. Esperámos muito tempo, não apareceu o passador, tivemos que regressar ao Porto e repetir a operação no dia seguinte. Nessa noite conseguimos passar, num bote de contrabandistas. Estivemos escondidos numa pequena mata, depois transportaram-nos para San Sebastian. É aí que as coisas se complicam. Devíamos passar com um documento senegalês, mas a polícia já devia estar avisada… Fomos interrogados, levados para uma prisão.» [11]

Aparentemente, surgira um imprevisto: o guarda fronteiriço espanhol cuja desatenção fora garantida pela CIMADE adoecera e fora substituído por um colega mais atento, que recusou os argumentos esgrimidos pelos fugitivos. Estes correm o risco de ser devolvidos a Portugal pelas autoridades franquistas: o governo português terá mesmo feito deslocar um avião a Madrid, para garantir o regresso.

O grupo passa assim 48 horas na prisão de San Sebastian. Com eles, os pastores protestantes que os acompanhavam. Mas estes têm contactos que conseguem pôr em acção: há quem fale do Ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Couve de Murville, quem refira a administração Kennedy, até mesmo a CIA [12]. Certo é que os prisioneiros são libertados e conduzidos em carros da própria Guardia Civil até à fronteira Irun-Hendaye.

Do lado francês, a CIMADE recebe-os com um enorme jantar e garante-lhes hospitalidade. Mas rapidamente essa hospitalidade lhes vai parecer pesada.
O problema, explica Manuel Videira [13] – que, embora tendo saído legalmente, recebera também apoio da CIMADE – era que continuavam semi-prisioneiros, porque não lhes davam documentos. A razão invocada era o risco, previsível para alguns, de serem tomados por argelinos, numa altura em que estes eram violentamente perseguidos.

Mesmo as visitas não eram fáceis: na CIMADE, diz Videira, para lá de Savimbi, apenas os visitou – até porque lá se encontravam, entre outros, Joaquim Chissano, Pascoal Mocumbi e Joana Simeão – Eduardo Mondlane, que trabalhava na ONU e tinha passaporte diplomático. Já os encontros com Mário Pinto de Andrade – que usaria então passaporte egípcio – Viriato da Cruz e Lúcio Lara eram feitos clandestinamente, num café perto da CIMADE, frequentado precisamente por argelinos.

E com o MPLA a exortar todos os que quisessem juntar-se à luta a seguir para Leopoldville, é aí que Mário Pinto de Andrade lhes dá indicações para prepararem uma outra fuga, desta vez da CIMADE.

Segundo Manuel Videira, é a embaixada da Guiné Conacry que arranja passaportes e uma organização clandestina de argelinos em França que organiza a fuga em massa, financeiramente apoiada pelo Gana. Fogem de autocarro, pretextando-se uma orquestra – para o que terão comprado, aliás, diversos instrumentos. Dirigem-se para a fronteira alemã, numa zona pouco vigiada, perto da Bélgica. Com a ajuda de argelinos, atravessam a fronteira e entram na Alemanha. Daí partirão poucos dias depois, de avião, com destino a Accra, no Gana.

Segundo recorda Fernando Chaves [14], voaram primeiro para Amsterdão e depois, pela KLM, para o Gana, com passagem por Las Palmas e Monróvia. Em Acra, foram recebidos pelo Africain Affairs Center e alojados num hotel perto do aeroporto – curiosamente chamado Lisbon Hotel. Mais tarde foram encaminhados para Aximota, um centro universitário, onde ficaram até serem transferidos para Núngua, uma pequena aldeia perto de Tema, a segunda cidade portuária do Gana, onde, refere Chaves, receberam a visita do adido cultural brasileiro, que os convidou a visitar uma fragata brasileira que ali passava e a ir para o Brasil. Foram também visitados por Mário Pinto de Andrade, Viriato da Cruz e Miguel Trovoada.

A maioria dos protestantes do grupo dirigira-se entretanto para a Suíça, onde se encontrava já Jonas Savimbi. Outros, como Cabulo, Filipe Amado, Fernando Octávio, Wilson e Ilda Carreira (Baiana), querendo continuar os estudos, tinham optado pela Alemanha [15]. Agora, a proposta feita aos fugitivos é que os estudantes prossigam os seus estudos no Bloco de Leste – URSS e Checoslováquia, sobretudo, mas também na RDA – ou na Suíça e na Holanda.

Quanto aos médicos, deverão dirigir-se para Leopoldville, para ali dar assistência aos refugiados que abandonaram Angola na sequência da perseguição aos “assimilados”, que se seguiu ao 15 de Março. Entre os que chegaram ao Gana há vários médicos – Vieira Lopes, Manuel Videira, Mário Assis, Carlos Pestana “Katiana”, Manuel Boal – e a sua presença vai permitir a “operação batas brancas”, ou seja, a instalação em Leopoldville de um organismo estreitamente ligado ao MPLA, o Corpo Voluntário Angolano para Assistência aos Refugiados, CVAAR, que conta também com os médicos do grupo dos “mais velhos” anteriormente sediados em Conacry: Américo Boavida, Eduardo dos Santos, Hugo Meneses. «É a primeira ONG angolana», ironiza Manuel Videira. Criam postos de assistência aos refugiados na fronteira e recolhem fundos e medicamentos, garantindo apoios da Suécia, da Holanda, um pouco de França, mais tarde da URSS.

Outros, como Rui de Sá (Dibala), irão receber treino militar, para seguir para a frente de combate.

Hoje, os elementos da grande fuga de 1961 estão espalhados pelos seus países de origem e em outras partes do Mundo. Alguns ocuparam ou ocupam o mais alto cargo dos seus países, como Joaquim Chissano, em Moçambique e Pedro Pires, em Cabo Verde. Alguns foram ministros, outros embaixadores, generais, deputados, altos funcionários. Em alguns, a forma como a independência do seu país evoluiu deixa uma mágoa: «Não foi isto que nós combinámos!»

Mas aquilo que tinham em mente ao fugirem de Portugal nesse Junho de há 48 anos, isso foi conseguido: o colonialismo português foi derrotado e são agora cidadãos de países independentes – mesmo se a luta pela concretização do sonho de jovens, essa, tem de continuar.

Notas:
[1] AN/TT – PIDE-DGS, Proc. CEI 4529/62, Docs. 132 a 136, abud Rocha, Edmundo, Angola – Contribuição ao Estudo da Génese do Nacionalismo Moderno Angolano, Kilombelombe, Luanda, 2002, 1º vol., pág. 222.
[2] Rocha, Edmundo, Angola – Contribuição ao Estudo da Génese do Nacionalismo Moderno Angolano, Kilombelombe, Luanda, 2002, 1º vol., pág. 219.
[3] Bento Ribeiro (Cabulo), declarações recolhidas em 1990, para a série “Geração de 60”.
[4] Pedro Pires, declarações recolhidas em 1990, para a série “Geração de 60”.
[5] Bento Ribeiro (Cabulo), declarações recolhidas em 1990, para a série “Geração de 60”.
[6] Declarações recolhidas em 1990, para a série “Geração de 60”
[7] Declarações recolhidas em Julho de 2006, para a preparação de um documentário sobre a fuga de Portugal dos estudantes nacionalistas das colónias.
[8] Id.
[9] Ibid.
[10] José Araújo, declarações recolhidas em 1990, para a série “Geração de 60”.
[11] Pedro Pires, declarações recolhidas em 1990, para a série “Geração de 60”.
[12] Rocha, Edmundo, Angola – Contribuição ao Estudo da Génese do Nacionalismo Moderno Angolano, Kilombelombe, Luanda, 2002, 1º vol., pág. 221.
[13] Declarações recolhidas em Julho de 2006, no âmbito da preparação de um documentário sobre a fuga de Portugal dos estudantes nacionalistas das colónias.
[14] Declarações recolhidas em Julho de 2006, no âmbito da preparação de um documentário sobre a fuga de Portugal dos estudantes nacionalistas das colónias.
[15] Declarações de Luísa Gaspar, recolhidas em Julho de 2006, no âmbito da preparação de um documentário sobre a fuga de Portugal dos estudantes nacionalistas das colónias.
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3 comments:

Septuagenário disse...

Nesse tempo as universidades portuguesas eram povoadas principalmente por estudantes de origem ultramarina, principalmente brancos ou mestiços.

Os pais(inhos) eram em geral funcionários ultramarinos, autoridades civis ou militares, ou empregados de grandes companhias como ex. a Companhia de Diamantes de Angola, ou eram fazendeiros e comerciantes.

Todos esses jovens, inclusive os que eram pretos, tinham uma preparação política e cívica muito mais evoluida do que os jovens que nunca tinham saído da metrópole (berças).

Ísto apenas para emitir uma opinião sobre este tipo de apreciação "anti-colonialista" deste post, que é o seguinte:

? Porque ninguem explica como era tão diminuta a participação na luta contra o colonialismo português, da parte dos universitários? quando estes eram numerosíssimos provenientes das colónias?

E porque se tenta sempre explicar essa luta não tanto como anticolonial, mas antes como anti-Salazar?

É que desta maneira "monocórdica" de explicar aquele período histórico, os ex-metropolitanos nunca compreenderão corretamente o que se passou naquele tempo.

Diana Andringa disse...

Confesso que não entendo muito bem a sua crítica nem o que quer dizer com a maneira "monocórdica" de explicar aquele período histórico. Quer o texto que a Joana entendeu voltar a publicar, quer o da Associação Tchiweka de Documentação dizem respeito a um episódio da luta dos povos das ex-colónias - por natureza anticolonialista. Mas enquanto estudantes, muitos destes militantes anticolonialistas participaram também da luta antifascista - tal como alguns militantes antifascistas portugueses participaram na luta contra o colonialismo. Porquê tão poucos?, pergunta. Diria que além da percentagem dos que se batem ser sempre relativamente pequena, foram a luta de libertação e talvez, sobretudo, a guerra colonial que sensibilizaram a esquerda portuguesa (mesmo culta e universitária) para o problema colonial. Talvez pelo fechamento do país, a Censura, a propaganda do regime sobre como era diferente o colonialismo português. Não creio que muitos estudantes portugueses, mesmo entre os que vinham das colónias - e, ao contrário do que escreve, não creio que esses fossem a maioria - tenham sabido das fomes em Cabo Verde, de Batepá, Pidjiquiti, Baixa do Cassange ou Mueda. (A Censura e a segregação racial e económica conseguiam esses "milagres".) Portanto, naturalmente, até começarem a ser mobilizados para a guerra colonial, preocupavam-se mais com os problemas da chamada Metrópole. Mas quando cheguei à Universidade já havia bastante sensibilidade às questões coloniais (a mobilização para a guerra não permitia a indiferença). Pessoalmente, o facto de ter nascido em Angola reforçava o meu interesse.

Septuagenário disse...

Os nacionalistas angolanos já existiam muito antes do MPLA.

Tchiweka, alcunha de Lucio Lara é, segundo o que se vê na internet, a luta de Lúcio Lara e do MPLA.

E havia muitos MPLA´s, embora o de Tchiweka saiu vitorioso, aparentemente.

Mas não após a morte de Salazar, mas após a de Savimbi e de Nito Alves.

Este é um dos pequenos (grandes) pormenores que devem ser explicados aos "caputos", para estes compreenderem um pouquinho, quem era quem, naquela luta.

Para a grandiosidade daquela guerra, que esperava os estudantes que "fugiram", o salazarismo era apenas um grãosinho de areia insignificante na engrenagem.

Os problemas da metrópole e das colónias, não eram paralelos, por isso se tocavam pontualmente.