31.8.11

O que Vítor Gaspar vai dizer esta tarde


Ainda sem o anúncio formal, para hoje prometido, de «cortes brutais» na despesa pública, leio em sequência, no Económico, duas notícias que (ainda) me deixam perplexa: «cerca de 45% dos cargos dirigentes na administração local vão ser extintos» e «terão de sair anualmente da administração central do Estado cerca de dez mil trabalhadores, em termos líquidos, e não cinco mil, como estava previsto no memorando da ‘troika'».

E a minha perplexidade vem do seguinte: o que se pensa que acontecerá a todas estas pessoas (e a todas as que, em breve, sairão de empresas e institutos públicos, de privadas que todos os dias abrem falência, das lojas que fecham portas, do batalhão de professores contratados que não terão lugar, etc., etc., etc.)? Irão para a reforma umas tantas, mas não necessariamente em percentagem elevada. Muitas receberão, durante cada vez menos tempo, um subsídio de desemprego. E depois? E as outras?

E em que ocuparão os dias? Vão ficar em casa e pelos bancos dos jardins? Nos corredores dos centros comerciais?

Não seria mais prudente prever um plano de evacuação colectiva do território? Num corredor aéreo em aviões da TAP, antes que sejam vendidos? No velhinho Sud Expresso? Num daqueles navios que levavam tropas para a guerra? Com que destino? Eu não sei, mas as centenas de assessores dos gabinetes ministeriais já devem estar a tratar do assunto.

É isso: tenho para mim que é este plano de emergência que Vítor Gaspar vai anunciar mais logo. Cortem-se os males pelas raízes – rapidamente e em força.
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4 comments:

Unknown disse...

Está muito bem observado.
Sinceramente, não sei onde vai parar este país. E o pior ainda está para vir, algures entre 2012 e 2013...

Unknown disse...

E pensar que o Sr. Américo Amorim é um mero "trabalhador"...

folha seca disse...

Cara Joana Lopes
Não sei porquê mas relembrei os campos de Leprosos com internamentos à força, bastava uma borbulha.
cump.
Rodrigo

Anónimo disse...

grosso modo, a administração pública em Portugal começou a engordar em 1834 para absorver os milhares obrigados a sair dos conventos e mosteiros, que por sua vez engordaram por via dos deserdados da lei do morgadio. talvez a melhor solução seja voltar a enviá-los para os conventos.