12.8.11

Prosas para o tempo que passa (3)


Obrigada, Nuno Crato.
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8 comments:

Paulo Topa disse...

Um dos problemas na análise destas notícias é que quase sempre é dito que é aumento de só dois alunos, mas, na prática, é um aumento de mais de 8%. A mesma coisa, mas com enfoques diferentes.
Aumenta-se a carga horária de Língua Portuguesa e Matemática no 3º ciclo e o número de alunos no 1º. Tem lógica...

Anónimo disse...

"lições de coisas"?

Anónimo disse...

Interessa pouco, no contexto, mas «lições de coisas» faziam parte de uma «pedagogia moderna» de ensino da escrita e da leitura, ligada à Escola creio que de Maria Montessori ou de Frenet,e que foi introduzida nas escolas do Magistério Primário, em Portugal pela Amália Borges de Medeiros e outros pedagogos (republicanos) progressistas, na década de 50. Contradições idênticas a tantas outras do fascismo salazarista. Lembro-me de ver a minha mãe preparar aulas,em casa,a partir de conchas, plantas,escamas de peixes...Isto, em Lisboa, por 1951,em plena ditadura.(Nunca com Nuno Crato tal seria possível!)
Helena Pato

Joana Lopes disse...

Não conhecia, ou não me lembrava da expressão, Lena...

Anónimo disse...

Fui ver e, de facto, «Lição de coisas» é um método que nasce nos meados do século XIX. Nos finais desse século, fica associado a uma pedagoga francesa, Carpentier, e a outros, tais como Pestallozi, ao espalhar-se por toda a Europa. As coisas antes das palavras, a educação pelas coisas e não a educação pelas palavras. Despertar e aguçar o sentido da observação, colocar a criança na presença das coisas, fazê-las ver, tocar, distinguir, medir, comparar, nomear, enfim, conhecê-las, este era o objetivo das lições de coisas no ensino primário e nos jardins de infância. Tratava-se de um método (intuitivo) com o objectivo de tornar mais acessivel e com melhores resultados o ensino nas classes populares. Fez mesmo parte das reformas preconizadas e implementadas por um vasto movimento de difusão da escolaridade laica em toda a Europa, então designado por «Movimento do ensino popular» - uma campanha universal em prol da criação da escola primária do ensino obrigatório laico e gratuito, consubstanciando a educação escolar como função do Estado.
Creio que, actualmente,ainda é utilizado em Portugal por professores da «Escola Moderna», e inspira alguns outros, no 2º Ciclo – construtivistas - raros, infelizmente (!),que registam taxas de enorme sucesso em provas de avaliação externa, mas que têm alimentado em Nuno Crato fantasiosas teorias com que justifica o insucesso escolar nacional (!). A esta hora, o nosso novo ministro ainda não terá tido tempo para constatar quão grande é esse seu equívoco, mas tenho para mim que lhe será difícil assumir que o núcleo de qualquer reforma passa inevitavelmente por um maior investimento na escola pública, obriga à cobertura do País por uma rede de jardins de infância, exige uma reforma na formação dos professores e, nos primeiros dois ciclos, requer um número menor de alunos na sala de aula (e não, prioritariamente,mais tempos de aulas, como acaba de decidir). O ministro Nuno Crato já começou, nas primeiras semanas, a dar razão aos que, na sua nomeação, ficaram com os mesmos receios que eu.
Um abraço, Joana, e desculpa o abuso do direito de comentário…
Helena Pato

Joana Lopes disse...

Obrigada por toda esta informação, Lena. Sou muito ignorante nestas matérias, mas Pestallozi fez soar umas campainhas porque havia (julgo que ainda há, mesmo em frente do Colégio Moderno) uma escola que o aplica e conheci quem tenha lá andado.
Seja com que método for, diminuir o nº de alunos devia sempre ser uma prioridade!
Abraço

Ana Cristina Leonardo disse...

Pestallozi fez soar umas campainhas porque havia (julgo que ainda há, mesmo em frente do Colégio Moderno)

Claro que há! Uma casinha deliciosa que quase parece de chocolate (duas das minhas filhas andaram lá...)

Anónimo disse...

As conversas são mesmo como as cerejas…
Em Lisboa, e desde a década de 60, o Colégio Pestalozzi, tal como o Externato Fernão Mendes Pinto e a Voz do Operário («berços» de tantos intelectuais e artistas dos dias de hoje…) tinham o mesmo modelo pedagógico, com ligações ao «Movimento da Escola Moderna» (MEM), então dirigido por Sérgio Niza e apoiado por Rui Grácio, por exemplo. Durante o fascismo, eram ilhas de educação para a cidadania e democracia. Tanta condecoração que tem havido neste país, mas que eu saiba nenhum PR se lembrou desta histórica instituição (MEM) que, de forma genuinamente voluntária, idealista, contribuíu gratuitamente, ao longo de décadas, para a formação de docentes do Ensino Primário.
Helena Pato