3.8.11

Samudaripen – o massacre dos ciganos


Contributo de Jorge Pires da Conceição.

Thorbjørn Jagland, Secretário Geral do Conselho da Europa, fez ontem um apelo aos Europeus para honrarem a memória dos ciganos mortos pelo regime nazi durante a Segunda Guerra Mundial, comprometendo-se a construir um futuro melhor para as gerações vindouras.

Este apelo surgiu na véspera de uma data fatídica para o Povo Cigano (os Roms ou Roma, de Romani), a noite de 2 para 3 de Agosto de 1944, em que muitos milhares ou dezenas de milhar de ciganos foram massacrados no Campo de Concentração de Auschwitz-Birkenau.

Calcula-se que, entre 1939 e 1945, mais de 500.000 ciganos tenham sido mortos pela Alemanha e seus aliados. Há estimativas que apontam para cerca de 680.000 mortos. Havendo mesmo quem quantifique em 1.500.000, embora tal número possa ser excessivo, atendendo a que outra estimativa indicava que a população Rom antes da II Guerra deveria rondar um milhão de pessoas. De qualquer modo são números que caracterizam tal mortandade como um Genocídio - o Samudaripen (ou Pharrajimos, ou Porajmos ou Porrajmos), palavra(s) usada(s) para mencionar o genocídio dos ciganos à mão do regime nazi.

Genocídio que em nada difere daquele que os nazis efectuaram sobre o povo judaico, como se pode constatar por algumas declarações:

Commander of Einsatzgruppe D, Otto Ohlendorf said at the Nuremberg trials : " There was no difference between the Gypsies and the Jews. At that time, the same order applied for Both. "

“It was the wish of the all-powerful Reichsfhhrer Adolf Hitler to have the Gypsies disappear from the face of the earth” (SS Officer Percy Broad, Auschwitz Political Division).

“The motives invoked to justify the death of the Gypsies were the same as those ordering the murder of the Jews, and the methods employed for the one were identical with those employed for the other” (Miriam Novitch, Ghetto Fighters’ House, Israel).

“The genocide of the Sinti and Roma was carried out from the same motive of racial mania, with the same premeditation, with the same wish for the systematic and total extermination as the genocide of the Jews. Complete families from the very young to the very old were systematically murdered within the entire sphere of influence of the National Socialists” (Roman Herzog, Federal President of Germany, 16 March 1997).

A repressão sobre os ciganos, porém, não acabou com o fim da Guerra. Em França, os ciganos (que nunca chegaram a ser deportados daqui) continuaram internados até 1946 em campos de reeducação (para serem “socializados” e “sedentarizados”…). Na Alemanha, mantiveram-se todas as medidas que haviam sido tomadas contra eles antes de 1943 e só em 1982 o chanceler alemão Helmut Köhl reconheceu formalmente o genocídio dos Ciganos.

Por isso Thorbjørn Jagland, no seu apelo a todos os Europeus, além de repetir a conhecida frase «Para que nunca mais!», exorta-nos com estas palavras: «Nós devemos criar medidas legislativas para lutar contra a discriminação e promover a integração dos Roms na Sociedade. Conhecer melhor a cultura e a história deste povo, e particularmente os aspectos mais sombrios da perseguição aos Roms, ajuda a criar uma oposição aos preconceitos e à intolerância. O Conselho da Europa quer preservar a memória pelo ensino do Samudaripen nas escolas, paralelamente com outros esforços de promoção da tolerância e da imparcialidade para com os Roms, em todos os países."

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5 comments:

Anónimo disse...

Parabens e abraço por este artigo...

é preciso recordar estas datas de ataques a minimos de civilidade entre todos nós, nas nossas diferenças

abraço

Fada do bosque disse...

Estive ontem a ler sobre genocídios e realmente o ser humano é terrível. Destas memórias não tira lições...

Isto não terá importancia, ou é para não se saber, como o Patriot Act?

Fada do bosque disse...

A mesma notícia aqui

Ana Paula Fitas disse...

Fiz link, Joana.
Obrigado.
Um abraço.

Jorge Conceição disse...

Não fiquei minimamente esclarecido (ou mesmo alertado) depois de ler os links da "Fada". Preocupação por "se retirarem armas aos civis"? Dizer que "até na esquerda do Congresso existe gente boa"? Isto é tudo muito estranho e, sobretudo, muito pouco claro. Para mim, claro, que tenho a mania das minudências...