Um texto de José Manuel Pureza, que ajuda a reflectir nas curvas da História.
«Com quase meio século de distância, as notícias que hoje vêm de Atenas são em tudo semelhantes às que vieram em 1968 de Praga. A mesma ânsia de democracia, o mesmo sufoco de todo um povo, a mesma intransigência na defesa do deus maior – o “socialismo real” então, o “mercado” agora – contra os cidadãos/vítimas.
O que os tanques de Praga então impuseram foi um limite intransponível ao regime vigente naquela área de influência de Moscovo. A política do aceitável impôs-se à política da transformação e o espaço para a intervenção foi implacavelmente restringido. Em Cannes não houve tanques. Mas era preciso? O que o directório a dois fez teve o mesmo impacto sobre os democratas gregos e europeus na área de influência de Berlim-Paris que as dezenas de tanques tiveram em Praga. Também agora se fez valer a política da força, do sufoco da aspiração democrática grega às mãos do deus mercado. (…)
Se em Praga se evidenciou a falta de socialismo que havia no socialismo real, em Atenas mostrou-se a falta de democracia que há na democracia de mercado.»
Na íntegra aqui.
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