23.11.11

Porquê «greve»?


A origem da utilização actual do termo está ligada a uma praça parisiense – Place de Grève –, nas margens do Sena, que em Março de 1803 mudou de nome e é hoje a magnífica Place de l’Hôtel-de-Ville.

«Greve» é (também…) «um terreno plano composto de cascalho ou areia à margem do mar ou do rio» (Larousse dixit) e a praça em questão foi local de desembarque de mercadorias que chegavam a Paris através do Sena (madeira, trigo, vinho, feno, etc.), o que fez dela o verdadeiro centro de Paris.

A partir de certa altura, era lá que se reuniam desempregados e trabalhadores insatisfeitos com condições de trabalho «desregularizado» («precários»?…). Daí, a razão de ser do sentido actual do termo, utilizado a partir do final do século XVIII.

Durante a Revolução francesa, a Place de Grève foi também palco para estreia do uso da guilhotina, mas «a multidão, acostumada desde a Idade Média com suplícios mais “refinados”, mostrou-se decepcionada com a rapidez do processo»

Hoje, ninguém pensa em cascalho, nem em guilhotinas, nem no Sena, os francófonos estão em vias de extinção, mas...latinos continuamos. E «grevistas» também.
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3 comments:

Helena Romão disse...

Olha que pena terem-lhe mudado o nome!!!
Que bela história! Podiam ter-lhe deixado pelo menos uma placa como referência. Fizeram isso em tantos pontos da cidade! :)

Joana Lopes disse...

Tens razão, Lena, é pena que esta história não seja lembrada. Não haverá mesmo uma placa?

Helena Romão disse...

Acho que não. Eu vivi lá 3 anos e se eu gosto de placas! :)

Sei que ali para aqueles lados está uma grande com um dos discursos inspiradores do Churchill (Hôtel de Ville ou Châtelet, mas não andará longe).
Na outra margem, mesmo em frente, todas as esquinas estão marcadas com os nomes de quem tombou na tomada de Paris pela Resistência, antes ainda da chegada das tropas aliadas (quase todos muito jovens e tudo ali concentradinho em poucos dias de Agosto de 44).

Todas as escolas têm um memorial aos alunos dali levados para campos de concentração.

Sei qual é o beco onde morou o Freud...

Resumindo:
Um dos meus passatempos nas cidades é andar de nariz no ar a ver placas (que em Paris é um desporto radical para o cheiro dos sapatos, mais do que em Lisboa, à excepção talvez da Avenida de Roma!) e nunca vi lá nada referente a isto.