(Post elaborado em resultado de conversa e troca de informações com Diana Andringa e Jorge Martins.)
Leia-se a Portaria acima junta, a assinatura e a data. A memória é curta, mas as reacções começam a surgir. Outras se seguirão, como a do ex-tarrafalista Edmundo Pedro.
A amnésia do leão é a glória do caçador
Soube, com espanto, que a Universidade do Mindelo decidiu atribuir um doutoramento honoris causa ao Professor-Doutor Adriano Moreira, escolhendo para tal o dia 10 de Dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos.
De acordo com o site da dita Universidade, farão o elogio e o apadrinhamento do homenageado dois respeitáveis cidadãos cabo-verdianos: Onésimo Silveira e Germano Almeida.
Não pondo em causa as qualidades académicas do Professor-Doutor Adriano Moreira, não posso deixar de pensar que conceder-lhe o Doutoramento Honoris Causa no Dia Internacional dos Direitos Humanos, tendo sido ele o autor da Portaria 18539, de 17 de Junho de 1961, que instituiu o Campo de Trabalho de Chão Bom – onde estiveram presos, em condições de inumanidade, mais de duas centenas de nacionalistas de Angola, Guiné e Cabo Verde – é, além de uma notável demonstração de humor negro, uma afronta à memória dos homens e mulheres que lutaram pela libertação dos seus países do jugo colonial português. Não se trata de perpetuar ódios, mas de respeitar a memória das vítimas.
No cemitério da Vila do Tarrafal permanecem ainda os restos mortais dos guineenses Cutubo Cassamá e Biaba Nabué, falecidos no campo a 12 e 24 de Novembro de 1962. Morreram também, em consequência da sua detenção no campo, os angolanos António Pedro Benge (13 de Setembro de 1962) e Magita Chipóia (13 de Maio de 1970). Muitos outros presos – alguns dos quais cabo-verdianos – vivem ainda as consequências dos maus tratos sofridos no campo mandado reabrir pelo agora homenageado no Dia Internacional dos Direitos Humanos.
Estranho o menosprezo da Universidade do Mindelo pela história recente do seu próprio país. É certo que vivemos tempos de amnésia e indiferença, mas temo que um povo que ignora o seu passado ponha em causa o seu futuro. Até por que, como lembra o provérbio africano, “enquanto o leão não escrever a sua História, a glória será sempre do caçador”.
Diana Andringa
Entretanto, a Lusa distribuiu ontem o seguinte texto:
Ex-presos políticos
Doutoramento Honoris Causa de Adriano Moreira é um «insulto», diz associação de Cabo Verde
Doutoramento Honoris Causa de Adriano Moreira é um «insulto», diz associação de Cabo Verde
A Associação Cabo-Verdiana de Ex-Presos Políticos (ACEP) considerou hoje um «insulto» o doutoramento Honoris Causa que a Universidade do Mindelo (UM) outorga sábado a Adriano Morejavascript:void(0)ira, sustentando com o "passado repressivo" do antigo ministro do Ultramar português.
«É um insulto porque foi ministro do Ultramar e foi sob a sua liderança que o campo de concentração do Tarrafal foi reaberto (Junho de 1961). Também foi nesse período em que a PIDE foi trazida para Cabo Verde», disse à Agência Lusa o presidente da ACEP, Pedro Martins, ele próprio preso político de então (1970/74).
Pedro Martins refutou a ideia de que, 37 anos depois, as feridas ainda não tenham sarado, alegando tratar-se de uma «questão de memória e de coerência» para com uma sociedade, a cabo-verdiana, que as tem e que não se despersonalizou.
«O problema é a coerência. (Adriano Moreira) foi um dos chefes máximos do sistema, sobretudo em relação às antigas colónias portuguesas, que levou muita gente para a prisão, para a tortura. Foi sob a sua égide que a PIDE foi aqui instalada. É História e é memória que todos os povos têm direito a preservar», sustentou.
O agora arquitecto, que publicou em 1995 o livro Testemunhos de um Combatente, disse ter ficado «totalmente estupefacto» com a decisão da Universidade do Mindelo, anunciada a 22 de Novembro último, em que participarão outros ex-combatentes e ex-presos, bem como o primeiro-ministro José Maria Neves.
«Fiquei totalmente estupefacto, porque devemos pensar qual é a mensagem que vamos passar à juventude cabo-verdiana e também aos outros povos que lutaram pela independência em África e tiveram de sacrificar-se. O direito de memória de um povo é sagrado e deve ser respeitado», defendeu.
«Pessoalmente, nada tenho contra ele. Mas quando uma autoridade responsável por tantas atrocidades, parece-me incongruente e contra tudo aquilo que lutamos para por fim ao regime colonial fascista», acrescentou, insistindo na ideia de insulto.
«É um insulto à atitude dos povos que lutaram pela independência. Como vamos homenagear alguém que foi chefe e responsável por uma máquina que tanto mal fez contra os nacionalistas cabo-verdianos, contra o sentimento de independência também de Angola, Guiné e Moçambique», sustentou Pedro Martins.
O arquitecto defendeu ainda que foi sob as ordens de Adriano Moreira que «muitos professores e alunos» foram presos e postos em campos de concentração «sem julgamento e sem dia para sair em liberdade».
O reitor da UM já desvalorizou a polémica, alegando que não vai comentar as palavras de Pedro Martins, reiterando a distinção a Adriano Moreira «pelo mérito ao cume do prestígio científico, em diversos países, sobretudo nos de língua portuguesa».
Adriano Moreira, retirado das lides políticas desde 1995, nasceu em 1922 em Portugal, é jurista e professor universitário e foi figura destacada do Estado Novo no âmbito da política colonial. Foi ministro do Ultramar, fundou e dirigiu institutos de estudos africanos e presidiu à Sociedade de Geografia de Lisboa, entre outros cargos.
Depois do 25 de Abril de 1974, tornou-se uma das personalidades de referência do Centro Democrático Social e escreveu várias obras, entre as quais O Novíssimo Príncipe, Comunidades dos Países de Língua Portuguesa e Saneamento Nacional.
P.S.1 (9/12/2011) – Entretanto, perante as reacções, Adriano Moreira declarou o seguinte: «Ligar-me à reabertura do campo do Tarrafal é falsear a história».
A Portaria acima exibida fala por si: não é por se dar um nome diferente (Chão Bom, neste caso) à realidade que esta se altera.
P.S. 2 - De viva voz:
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14 comments:
Apenas se surpreende quem não apreendeu a história do Ultramar português.
Uma coisa é a história de Portugal e Colónias, outra é a história da "guerra fria" datada.
É um absurdo esta virulenta reacção dos que se supõem detentores da verdade e de passo certo coma História. Adriano Moreira não foi nunca um indefectível salazarista, bem pelo contrário, tanto assim que não tardaria a pedir a sua demissão do cargo de ministro do Ultramar, tanto era o que o separava humanística e ideologicamente do presidente do conselho. Adriano Moreira, além de insigne intelectual e emérito professor universitário, é um humanista e um espírito universal. Ele serviu o seu país num tempo histórico errado, num tempo em que todos, de algum modo, fomos "salazaristas", à execepção, claro, dos comunistas e esbirros defensores da ideologia de Moscovo.
Não tenhamos dúvidas, Adriano moreira é um homem de bem, um alto espírito, e merece a distinção que lhe vai ser concedida em Cabo Verde. E ainda mais, é um amigo de Cabo Verde, com cujo destino se vem preocupando ao longo da sua vida, tendo já intervindo civicamente em defesa do que acha ser o interesse de Cabo Verde.
Paeabéns a Adriano Moreira e parabéns à lucidez e à decisão descomplexada dos responsáveis cabo-verdianos.
Quem escreve este comentário é um homem que se posiciona na esquerda, mas não deixou que a sua mente e o seu espírito ficassem prisioneiros de preconceitos ideológicos que muitas vezes mais não são que máscaras para a hipocrisia.
Caro Mário S. Andrade, o que não vale a pena é usar uma borracha para afirmar que «Adriano Moreira não foi nunca um indefectível salazarista». Poucos dias depois de Salazar morrer, já em 1970, portanto, terminou assim um discurso (publicado em 2 de Agosto, no Diiário de Moçambique).
«Assim viveu, acertando ou com erros, mas sempre autêntico. Com princípios. O único remédio conhecido contra a corrupção do poder. E muito principalmente quando se trata de um poder carismático, como era o seu caso. Um desses homens raros que a fadiga da propaganda não consegue multiplicar. Porque ou as vozes vêm do alto ou não existem. Não há processo de substituir o carisma. Por isso, também, essa luz, que tão raramente se acende, é toda absorvida pelo povo, o único herdeiro. Soma-se ao património geral. Inscreve-se no livro de todos. Pertence à História. Transforma-se em raiz.»
Se isto não é salazarismo…
Para sua informação, nunca fui «esbirra defensora da ideologia de Moscovo».
Não conheço a senhora Joana Lopes e desconhecia que é a autora do post. Também não acredito que seja uma "esbirra defensora da ideologia de Moscovo". Eu também não sou nem nunca fui uma coisa nem outra, ou seja, nem salazarista nem comunista. Mas olhe que, com as excepções que eu mencionei, fomos todos uns salazaristas de trazer por casa, por mais que nos custe hoje reconhecê-lo.Aquilo que Adriano moreira escreveu é o que toda a gente escreveu ou escreveria nas mesmas circunstâncias. Por receio de represália, isto é cobardia, ou por pertencer à carneirada com que se identifica a natureza mais recôndita do nosso povo. Não sei que idade tem a senhora, mas se se recordar da reportagem televisiva das cerimónias fúnebres de Salazar e do cortejo que saiu de Lisboa até Sanra Comba, verá que imensas moles humanas aguardavam no caminho a passagem do féretro, choros convulsivos, lágrimas inundando os rostos. Eram salazaristas? Se calhar não. Também não sei se recorda da mega manifestação em Lisboa que dias antes da revolta militar de Abril de 1974 apoiou a política de Marcelo Caetano. Foi essa mesma mega manifestação que apoiou o 25 de Abril e inundou as ruas no 1º de Maio seguinte. Essa gente era salazarista, caetanista, abrilista, ou o que era afinal de contas? Pois digo-lhe que todos pertencemos à mesma mole humana facilmente manipulável pelas circunstâncias da História desde que sentimos estar em causa a nossa sobrevivência ou possamos assim exorcizar os nossos medos.
Ora, Adriano Moreira escreveu o que foi então um lugar comum na boca ou na pena de 98% das figuras notáveis, não do regime, mas da sociedade.
A verdade é que ele entrou em ruptura com Salazar e deixou o governo. Quantos tiveram a coragem de o fazer?
Deixem o homem ir receber a homenagem!
Está indicado no «post» que o mesmo tem três autores e uma coisa lhe garanto: nem a Diana Andringa, nem o Jorge Martins, nem eu própria fomos «salazaristas de trazer por casa» - ou pela rua. Um de nós até esteve preso pela polícia política, durante um tempo razoável.
Mesmo admitindo parte do que diz quanto às massas, verifico que tem uma visão extremamente negativa da humanidade em geral e dos seus compatriotas em particular. E não, não é verdade que 98% dos portugueses teriam escrito o «lugar comum» que A. Moreira assinou, em 1970. Nem de perto, nem de longe. Ninguém o obrigou a fazê-lo, a não ser a sua própria convicção. E, note-se, citei apenas um excerto de um discurso entre dezenas possíveis.
Claro que ele vai receber o doutoramento. Mas se lhe «doer» um pouco (sucedem-se as reacções), terá o que merece. Cada um de nós arrasta consigo o seu próprio passado. É a vida e assim deve ser.
também, porque primeiro somos pessoas, seres humanos e só depois portugueses ou...- mas só quando entendermos isto é que poderemos sair da nossa histórica paralisia nacional que nos impede a identidade e a Memória; recusamo-la, mantemos a branca (o tal pano por cima)//os sucessivos mandantes das "pátrias" branquearam e branqueiam o passado, tanto de um lado como do outro, do Equador // hoje dá jeito para os negócios e o acesso aos recursos, no passado combinava-se já o futuro pois até algum MFA destruiu ou permitiu destruir provas contra a PIDE, quando chegou a liberdade // sobre esse senhor, tem valor científico, claro, mas nenhum na memória histórica dos povos, e só esta o poderá enxutar, um dia
Adriano Moreira foi Ministro do Ultramar numa altura em que a maioria dos chefes de posto e administradores coloniais eram em maioria caboverdeanos, goeses ou mestiços de Angola e Moçambique e Guiné.
Há mais afinidades entre o Salazarismo e os três movimentos (MPLA, PAIGC e FRELIMO), que ficaram a governar os seus paises, do que com as oposições salazaristas.
As relações comercias e políticas entre personalidades lusas e esses movimentos teem demonsttrado esta afirmação que faço.
Há coisas complicadas de explicar
E pronto, que Adriano moreira receba a homenagem. Estou convencido de que, se ele tiver contas a prestar à sua consciência, é homem suficiente para a encarar de frente para dela expurgar o que o atormenta, arrependendo-se. Mas quantos de nós, portugueses, têm a consciência tranquilamente arrumada. Quer nas hostes da chamada direita ou da esquerda, os que professam as ideologias retrógradas ou os que se presumem progressistas, quem está em condições de, de boa mente, julgar quem? No fundo, somos o povo que somos e com isso temos de nos conformar. Um povo que não pode ficar refém de uma história gloriosa, de que nada colheu de substantivo, mas que permanece confuso e incapaz de acertar passo com o futuro.
Este Mário Silva tem uma maneira manhosa de reescrever a história. Para ele o que conta é a bruma, não a essência.
E a essência é que esses senhores foram carrascos de povos e de anseios de liberdade.E fica a máxima destes branqueadores da história: se os chefes não são condenados porque o hão-de ser os carrascos de escalão inferior, os torcionários da PIDE?
Todos fomos salazaristas, senhor Mário Andrade? O raio que o parta! Eu nunca fui salazarista e quem o foi que se f... como parece ser o seu caso.
Manuel Monteiro
Joana,
A Universidade fundamentou a atribuição? Se sim, onde se pode consultar?
Pedro Monjardino
Pedro Monjardino,
Se clicar aqui na imagem Nº1 e folhear, tem o texto da Universidade.
Simplificando: Adriano Moreira nunca se retratou dos serviços que prestou ao fascismo salazarista, nunca pediu desculpas aos encarcerados e mortos no Campo do Tarrafal, que reabriu, nunca fez autocrítica de seu racismo colonial, de sua visão de caboverdianos, angolanos, guineenses e moçambicanos como seres inferiores que deviam ser governados por gente como ele. Se isto não justifica sua prisão - e olhem que por muito menos os ministros de Hitler foram enforcados, e os de Milosevic cumprem pena - certamente não o recomenda para honrarias, e muito menos em universidades, que só existem em Cabo Verde por ter o país se libertado do jugo colonial. Aliás, a livre expressão de idéias era punida com prisão no regime a que Adriano Moreira serviu com prazer.
Ainda sobre o Honoris Causa a Adriano Moreira: Quo Vadis Cabo Verde?
O “doutoramento” de Adriano Moreira foi uma comédia montada de todas as peças, com um objectivo fundamental, o de promover a mercearia de ensino “superior” que o atribuiu, como aliás deixou escapar o recém-doutorado por correspondência, “Magnífico” reitor do recém-convertido Instituto Isidoro da Graça (nome do pai do Magnífico) a “Universidade do Mindelo”. “Universidade” cujos professores, na maioria são recém-licenciados, alguns deles em “universidades” de nível correspondente ao da escola onde ensinam à noite para arredondar os ordenados – o que diz muito dos tortuosos caminhos por onde está a trilhar a formação superior em Cabo Verde.
Para se atribuir o primeiro título “honoris causa” em Cabo Verde (o ensino universitário só existe em Cabo Verde há pouco mais de cinco anos) não se encontrou nenhuma personalidade cabo-verdiana que tenha contribuído para o avanço da educação, da ciência, da cultura ou da melhoria das condições de vida dos cidadãos e que merecesse ser reconhecido. Era absolutamente necessário sair do país, ir a Portugal, onde ninguém mais além de Adriano Moreira será merecedor de tal distinção.
A Adriano Moreira não se pode negar a devida dimensão académica, aliás bastas vezes reconhecida. Porém pelo seu passado colonial fascista tem também responsabilidades nas tragédias que enlutaram tanto as famílias das colónias como famílias portuguesas. Ainda que tenha desejado recauchutar o fascismo salazarista, toda a sua acção como governante foi no sentido da negação do direito à autodeterminação dos povos africanos. Tudo isso foi lavado em Cabo Verde através de um espectáculo com momentos de bufonaria que foi servido ao vivo e em directo pela Comunicação Social do governo.
Claro que Adriano Moreira não iria furtar-se a esta oportunidade, a que se poderia poupar noutras circunstâncias, de ver personalidades cabo-verdianas lavar-lhe o passado. E não são personalidades quaisquer: o Primeiro Ministro de Cabo Verde, o escritor Germano Almeida entoaram loas à primeira estrela do firmamento académico cabo-verdiano. Onésimo Silveira, antigo combatente do movimento de libertação (embora tenha desertado do partido de Cabral) fez mea-culpa do seu passado e exaltou as virtudes do colonialismo em Cabo Verde com um despudor que faria corar um Kaúlza de Arriaga, a ponto de abençoar a escravatura “diferente”, até benévola, dos portugueses que, no seu entender, os cabo-verdianos devem reverenciar. Tudo isto perante as palmas de uma assistência servil onde se poderiam reconhecer membros do governo, dirigentes de todos os partidos políticos, diplomatas, universitários e até – espante-se! – antigos combatentes pela independência. Por dignidade ou por cálculo, apenas o Presidente da República se manteve à margem da palhaçada do Mindelo, inclusivamente furtando-se a se pronunciar sobre o acto.
Mas Adriano Moreira, mesmo tendo tido a desfaçatez de negar que mandou reabrir o Campo de Concentração do Tarrafal, não foi o principal vilão desta história. Apenas foi utilizado, porque lhe convinha, para vender uma mercearia de ensino “superior” do Mindelo, conferindo-lhe o estatuto de supermercado. Também, o pobre do “Doutor Magnífico” como empresário, nada mais fez do que pagar a uma “estrela” para lhe promover a mercadoria, o que resultou num bom negócio, pois finalmente já se fala na “Universidade do Mindelo”.
Triste, mesmo, foi ver tantas personalidades a validar com a sua participação activa e presença ostensiva um espectáculo de glorificação do colonialismo e da escravatura.
Quo vadis Cabo Verde?
mas que conversa fora do tempo ... mas ainda não caiu o muro? lol!
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