28.12.11

E se a próxima troika já for chinesa?


Desde que foi anunciado que a empresa que gere a barragem das Três Gargantas vai participar no capital da EDP que não me sai da cabeça uma pequena história, que não terá mais do que um valor puramente simbólico, mas que guardo dos três dias em que naveguei pelo rio Yangtze, antes de chegar à barragem em questão.

Como se sabe, a subida as águas do rio fez desaparecer do mapa muitas aldeias e mais de um milhão de pessoas teve de ser deslocado para outras paragens. Quando lá estive, o processo ainda estava em curso e, através do guia que me acompanhava, «conversei» com uma rapariga que vendia bugigangas a turistas, junto de um pequeno pagode, numa escarpa onde um bote nos deixou. Explicou que ia sair dali e que a família já deixara aquele local que, pouco tempo depois, ficaria inundado. Estavam agora longe? Não, nem por isso: só a dois dias de viagem, de comboio…

Atenção, pois: para qualquer gestor chinês, Portugal não tem mais de um centímetro, Bragança fica no mesmo quarteirão que a Rua Augusta de Lisboa e um jardineiro de Aveiro pode levantar-se cedinho e ir tratar dos campos de golfe no Alvor. Oxalá não venhamos a ter saudades da troika de 2011! Oxalá…
.

1 comments:

Septuagenário disse...

Pode ser que os chineses não venham a ser piores do que os ingleses.

A nossa eletricidade já foi nacionalizada com Marcelo, os CTT e TLP, o Vinho do Porto e CP chegou a andar tudo pela mão esquerda.

E este protetorado inglês era muito invejado pelos nuestros hermanos.

Miraculosamente vamos sobreviver com a nova ortografia.