20.12.11

Quando ouvi o ministro Relvas…


… comentar as afirmações «muito claras e objectivas» do primeiro-ministro sobre a necessidade de os portugueses emigrarem, dizendo que «todos os dias se encontram homens e mulheres portugueses que tiveram dificuldades perante as actuais circunstâncias de viver em Portugal e partiram para outros países» e que os mesmos «são uma fonte de orgulho»; e, sobretudo, quando chamou «conservadores» àqueles que não partilham estas suas lapidares convicções, pensei imediatamente numa cantiga que a minha mãe trauteava quando eu era pequenina. Marinheiros e aventureiros, sempre os primeiros – e que um dia hão-de voltar.


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4 comments:

São disse...

e já agora não se esqueça que não vai ser eleito com os votos dos emigrantes

Joana Lopes disse...

Há tantos masoquistas neste mundo, São...

Unknown disse...

O povo diz que onde mija um português mijam logo dois ou três.

Parece que no que diz respeito a dizer merda se pode aplicar o mesmo princípio.

Estou sem paciência para adornar a raiva que sinto por pessoas sebosas cuja principal habilitação é falar com a entoação e dicção corretas sem qualquer preocupação com a verdade das suas palavras e ainda menos com os sentimentos daqueles que as ouvem.

Senhores políticos da esfera deste governo:
Emigrem vocês. Vão para bem longe.

Vão para o caralho que vos foda, seus incompetentes e derrotistas de merda.

Que comecem a chover autocarros e vos caiam todos em cima dos cornos.

Aos senhores deste prezado espaço, peço perdão pela linguagem, mas se não posso praguejar quando me querem despejar do meu país não sei quando poderei fazê-lo.

Cumprimentos.
Até qualquer dia.

Anónimo disse...

Vai fazer quarenta e três anos, neste mês, que partimos rumo a Angola, coloco aqui a bazuka e os botes, para recordar aos mais novos, o que sofremos, o que existe dentro de nós e que sai, quando
às vezes ouvimos cantar alguém, que nos faz lembrar, coisas passadas, como o naufrágio de uma Companhia de Caçadores em Moçambique, no rio Zambeze. Não conheço todo o rio, nem podia ambicionar algo semelhante, mas há sempre um rio dentro de nós, por onde corre a nossa alma e não querendo plagiar o autor das quadras, tentei adaptá-las a situações dramáticas do meu conhecimento, como a do Sargento Fuzileiro que tombou nele, para não mais voltar à vida, como a da nossa viagem para Caripande, em que um furriel foi salvo pelo Chamuanza e não morreram todos, porque um Cabo reagiu, recordo ainda a operação que fiz a nível de Companhia, sendo o seu comandante em que tivemos todos de passar o rio nos botes dos Fuzileiros, tendo mais tarde de utilizar helicópteros, para ao longo dum afluente do Zambeze, procedermos à limpeza que nos foi ordenada; não são lágrimas de crocodilo, as lágrimas a que me refiro, são lágrimas de uma alma ferida, pelo desprezo dos homens e que nunca há-de esquecer, aqueles que sendo quase todos do Norte já partiram para uma viagem sem regresso:
Lágrimas
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Vão ao sabor da corrente
as flores em homenagem
à memória daquela gente
sem regresso da viagem!
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Ó povo lançai as flores
sobre as correntes do rio
que amarram nossas dores
provocando em nós vazio
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ó pequena aldeia da Nora
que raiva eu sinto no peito
ao ver a gente ir embora
sofrendo tanto desse jeito!
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e ó rio e ó mar, por favor
devolvei os entes queridos
que não existe maior dor
e jamais serão esquecidos!
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Adaptação