18.1.12

Quem «concertou». E quem «concertará»?



Não há dia em que não seja recordado que Carvalho da Silva é militante do PCP e ontem foi um deles, quando a CGTP abandonou as negociações sobre a concertação social. Já quanto ao facto de João Proença ser dirigente do PS, a memória parece muito curta.

Mas aí está, no i de hoje,  um texto de Ana Sá Lopes para o lembrar: «Sair da zona de conforto».

«O primeiro-ministro tem razão: “Estas assinaturas revelam uma mudança no tempo político que vivemos.” (…) Mas a assinatura do acordo de Concertação Social registou, de facto, uma “mudança no tempo político” de elevada magnitude. Essa mudança já estava a ser preparada quando passou pela cabeça de António José Seguro votar a favor do Orçamento do Estado. Foi agora consumada com a assinatura do acordo pela UGT.

A explicação desta súbita cedência de históricos socialistas à agenda ideológica inscrita na famosa revisão constitucional de Passos Coelho do Verão de 2010 não se explica apenas com o cumprimento do acordo com a troika. Isso explica muitas coisas, mas não tudo. (…)

Perante o risco de “sobrevivência” (falir?, sair do euro?), a única resposta é a união nacional, com o PS e a UGT “a saírem da sua zona de conforto” e “da sua postura reivindicativa tradicional”. E, sim, tanto PS como UGT saíram de todas as zonas de conforto possíveis, não conhecem alternativas e dispõem-se (ainda segundo Passos) a participar na “coligação social importante” fundamental “para que o país saiba a direcção que está a ser seguida e o que é que todos, mas todos, estamos a fazer para vencer esta crise e para viver melhor”. Se é para sair da “zona de conforto”, um governo PSD/PS/CDS seria uma situação menos tóxica.»

Na íntegra aqui.
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5 comments:

Anónimo disse...

Por "Concertou", a Joana Lopes refere-se ao "acordo de concertação social" assinado hoje pelo governo e pelos representantes dos patrões dos vários sectores de actividade económica, não é?
A pergunta é de retórica, porque de certeza que é.

A palavra desilusão resume tudo.

Simão Gamito

Joana Lopes disse...

Para haver desilusão, Simão, era necessário que tivessem existido ilusões...

Anónimo disse...

Existiram, Joana... Para mim existiram, lembro-me, como se fosse ontem, do 25 de Abril, do 1.º de Maio a seguir e de outros dias cheios de ilusões. Até me lembro do dia em que um senhor caiu de uma cadeira e as ilusões também chegaram.
Paciência, talvez eu seja um ingénuo, mais do que aquilo que, de facto, sou...

Simão Gamito

Joana Lopes disse...

Referia-me apenas a «ilusões» quanto ao Acordo, Simão...

Anónimo disse...

Ah! O acordo, só por si, a mim não me iludiu, afinal foi assinado entre o governo e os representantes dos patrões!

O acordo está dentro das desilusões, juntamente com uma "macheia" de outras coisas, ao longo dos anos.

Simão Gamito