Em pouco mais de um minuto, Marcelo Rebelo de Sousa resumiu ontem a realidade pura e crua, poucas horas antes da votação no parlamento grego. Já nem há margem para disfarçar ou para dourar a pílula.
«É um acordo impossível de executar (…). E como não é fazível, nós estamos a ver um bocadinho a fase seguinte do filme que é a probabilidade de termos a declaração formal de falência, mais ou menos organizada. Menos grave que seria se fosse há um ano ou há meio ano porque, entretanto, (…) a banca alemã e a banca francesa tiraram de lá o corpinho, o seu dinheirinho. (…)
O que vale a pena tirar da lição é o seguinte: por um lado os gregos cometeram erros que eram perfeitamente dispensáveis e (…) a Europa compreendeu tarde o problema grego, reagiu mal, tratou os gregos como crianças e praticamente quis suspender a democracia (…). Não é maneira de tratar um povo e de tratar um Estado.»
O que é extraordinário é que nós europeus, nós gregos, nós cidadãos do mundo, assistamos a isto tudo impotentes. O precipício está a poucos metros e continuamos a avançar. Hoje é dia de raiva.
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1 comments:
Estranhamente não sinto raiva, sinto asco ou ascos múltiplos a uma Europa bem longe do que eu imaginava. Asco aos gregos pelo percurso desvairado que os trouxe aqui. Asco ao ressurgir de Eixos que lembram História de má memória. Asco a esta insensatez colectiva que nos acomete. E no fim, preocupação e pena pelo destino de um povo, pelas vidas individuais assoladas e impotentes.
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