O Público diz hoje que «uma série de falhanços cometidos por barcos da NATO, navios comerciais e várias guardas-costeiras europeias conduziram à morte de dezenas de pessoas, deixadas à deriva no mar Mediterrâneo enquanto tentavam imigrar clandestinamente», referindo um relatório hoje divulgado pelo Conselho da Europa.
Na realidade, foram mesmo muitas dezenas: 1500 pessoas, só em 2011, como se vê no preâmbulo do dito relatório (que pode ser lido na íntegra aqui).
O caso mais flagrante é conhecido mas talvez não seja mau recordá-lo: há cerca de um ano, de um barco proveniente de Tripoli com 72 africanos a bordo e que tentava chegar a Lampedusa, só restaram nove sobreviventes. Após nove meses de investigações, um inquérito concluiu que «vários erros humanos e institucionais se amontoaram, conduzindo a que a embarcação de refugiados (…) fosse deixada à deriva sem nenhuma resposta dada durante 16 dias aos seus pedidos por ajuda».
O autor do relatório agora divulgado, Tineke Strik, fala de «dia negro para a Europa» e condena, com toda a razão, a existência de «diferentes padrões no julgamento do valor da vida humana».
Não do outro lado do mundo, em países que condenamos por não respeitarem direitos humanos elementares. Mas na Europa, século XXI, ali quase ao virar da esquina.
P.S. - Entretanto, a isto se chama, no mínimo, crueldade: Holanda ordena detener y expulsar a uno de los náufragos que ignoró la OTAN .
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