Neste Comentário no Público de hoje (sem link, mas que pode ser lido clicando aqui), São José Almeida explicita exactamente o que pensei ao ver as reacções acaloradíssimas da direcção do PS, e de muitos dos seus mais altos responsáveis, o verdadeiro alarido expresso mesmo em comunicado do partido, às afirmações de Marcelo Rebelo de Sousa sobre António José Seguro, feitas no passado Domingo, em contraponto à serenidade, pelo menos oficial, com que foi recebida a acusação de «falta de lealdade institucional» com que o presidente da República brindou Sócrates – por escrito, num volume de discursos, que, de certo modo, ficará para a História.
Bem mais grave esta segunda situação, sobretudo por vir de quem vem. Cavaco não é um opinion maker nem agiu como tal, mas sim como presidente, e fez uma acusação grave sobre actos de um primeiro-ministro em exercício das suas funções. Marcelo, com maior ou menor infelicidade (não é isso que está aqui em causa), está na TVI como comentador (vir falar da sua função de conselheiro de Estado não colhe…) e o mínimo que se pode exigir é que seja livre de exprimir o que pensa, mal ou bem. E como bem sublinha São José Almeida, ao reagir como reagiu, a direcção do PS «mostra uma preocupante incapacidade de lidar com a liberdade de opinião», «demonstra um pendor intolerante, autoritário até perante o diferente».
Os dirigentes socialistas exibiram uma incoerência comportamental flagrante perante duas situações separadas por poucas semanas, que apenas é explicável, tanto quanto posso entender, por duas razões: primeiro, Sócrates está longe e já não é o chefe das tropas; segundo, pode-se criticar o que um presidente diz, ma non troppo: há que manter brandura e respeitinho. São opções, mas que têm como resultado uma imagem de desnorte e de perda de razão e de autoridade moral.
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3 comments:
Eu não sou do PS e, claro, por causa disso não posso fazer sugestões e, muito menos,propostas, mas... o clima político do País nunca se resolverá, não sairemos da rampa (cada vez mais) inclinada que leva à destruição da Democracia, enquanto não surgir uma cisão de grande dimensão nesse partido. Pelo menos! É a minha opinião, face aos avanços autoritários da troika, aos decididos avanços do PSD (cada vez mais PPD) no neo-liberalismo decidido e musculado, ao distanciamento do CDS da antiga democracia cristã e ao desnorte deste pseudo-partido-socialista.
Não estou nada convencida de que isso vá acontecer, Jorge. Até porque não haveria uma cisão mas várias, ou seja uma pulverização / implosão.
Então, ao menos, que impludam de vez!... Talvez se consiga fazer qualquer coisa com os cacos, talvez alguns se possam aproveitar para os partidos de esquerda. Porque se não existir PS dificilmente existirá PSD...
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