27.8.12

Perde o país. Perdemos todos nós



A 7 de Março de 1957 a minha mãe, Maria Helena Varela Santos, abria a primeira emissão regular da RTP, a partir dos estúdios do Lumiar; no dia 25 de Abril de 1974, o meu pai, José Fialho Gouveia, lia o comunicado das MFA, a partir dos mesmos estúdios. Se eu tivesse vindo com um carimbo a diz "Made in RTP" não podia estar mais certo! Foi neste canal de serviço público que passaram os melhores e mais significativos programas da televisão portuguesa, enquanto as audiências não se sobrepuseram à qualidade. Não há Big Brother que ultrapasse um Zip-Zip, não há telenovela que bata "As Árvores Morrem de Pé". Tem vindo a perder qualidade, é um facto. Mas com a dissolução do canal público anuncia-se o adeus definitivo ao papel social a que esta sempre se devia ter mantido fiel e que já recomeçara timidamente a recuperar. De ora em diante a televisão em Portugal viverá somente para o lucro, seguindo uma espécie de doutrina do neoliberalismo mediático, reflectindo a ideologia política que hoje rege os nossos destinos. Vence o capital; perde qualidade; perde o país. 

Maria João Fialho Gouveia no Facebook
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3 comments:

Anónimo disse...

Mas desde quando a RTP deixou de ser qualquer coisa de doutrinário? Se o foi do estado-novismo do Deus, Pátria e Família que Salazar e Marcelo tão bem souberam aproveitar, até ao Cavaquismo militante, ao Guterrismo e ao Socretismo,sempre reflectiu a "ideologia política que rege os nossos destinos". Num mundo com tantas escolhas, vale a pena perder tanto tempo a defender a televisão?

cenas underground disse...

"papel social a que esta sempre se devia ter mantido fiel e que já recomeçara timidamente a recuperar".
Timidamente é um eufemismo. Por cada documentário na RTP1, temos dezenas de horas sobre futebol (e não, de futebol). Já nem vou falar dos "programas de informação", que mais não são que programas de propaganda bem pensada, como o Prós e Contras. A história da RTP, a meu ver, devia ser contestada pelo "negócio" ruinoso que se adivinha. Mas o serviço público que existia, é residual quando comparado com a quantidade de entulho que é transmitido, e isso é o que a maioria dos cidadão pensa, pelo que esse argumento trás para discussão mais ruído negativo do que positivo.

AEfetivamente disse...

Sem a RTP, especialmente a 2, o país fica mais pobre. Eu fico. É uma parte da história, também, que se vai... Mais sics e tvis? Não, obrigado!