21.8.12

Recusa de pagamentos por multibanco?



O Pingo Doce anunciou que, a partir de 1 de Setembro, deixará de aceitar pagamentos com cartões de multibanco e de crédito, para compras inferiores a 20 euros (e o Grupo Auchan admite vir a tomar uma posição semelhante), e as reacções não se fizeram esperar. As redes sociais enchem-se de indignação («sempre os mesmos», «mais uma vez a ganância», etc., etc.), a DECO afirma que a medida «vai prejudicar a segurança e comodidade dos consumidores». (A comodidade certamente, quanto a segurança... enfim: não me parece que 20 euros seja uma quantia exorbitantemente tentadora para ladrões.)

Mas o que importa não deixar de sublinhar, embora se trate de guerra antiga, é o conteúdo da declaração da directora-geral da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), que recorda que as taxas cobradas aos retalhistas, nas transacções com cartões, são muito elevadas. Mais concretamente que «nas operações de crédito, o pagamento é duas vezes superior à média europeia, enquanto que nas operações a débito o valor a pagar pelos retalhistas é quase 3 vezes superior.» Mas porquê???

Se isto é verdade, não há por aí nenhuma entidade que possa arbitrar esta questão entre a SIBS e os comerciantes que, aparentemente, já tentaram fazê-lo mas sem sucesso? É que se a «virtude» do Pingo Doce pode ser duvidosa (beneficiar os clientes com esta decisão...), o mesmo não são se aplica a pequenos retalhistas que, em grande número, já praticam o que agora o grupo Jerónimo Martins vai pôr em prática, por serem mesmo forçados a todo o tipo de poupanças na terrível luta pela sobrevivência, que estão a travar.

E, como sempre, quem se lixa é...?
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4 comments:

Inês Meneses disse...

os pequenos comerciantes aceitam pagamentos a partir dos 5 euros, é bem diferente de ter de gastar 20 euros de cada vez que entro num supermercado (e sem desprimor do assunto do post, com que concordo)

Inês Meneses disse...

Concordo com o essencial do post, mas tenho de fazer o reparo: os pequenos comerciantes aceitam pagamentos a partir de 5 euros, o que é razoável nestas condições, e diferente de exigir compras acima de 20 euros de cada vez que se entra num super. Exemplo prático: eu recebo o subsídio de refeição num cartão do BES que só pode ser usado em restaurantes e supermercados; e muitas vezes vou ao supermercado aqui ao lado do trabalho buscar o que preciso durante o dia, que nunca chega a esses valores.

Jorge Conceição disse...

Bem, parece-me que o objectivo é mesmo outro, no que respeita a esse caso dos cartões MB (até porque as taxas cobradas pelo SIBS a grandes vendedores são mais baixas que para o pequeno comércio). O que parece estar por detrás disto é a lei de Fevereiro passado que obriga os bancos a declararem às Finanças os valores dos terminais MB do comércio (vd. http://www.agenciafinanceira.iol.pt/empresas/multibanco-cartoes-cartao-pingo-doce-fisco-cartao/1369592-1728.html). O objectivo é uma "pequena" fuga aos impostos que, no caso do PD e dado o volume de vendas efectuado nessa gama de valores, totaliza um valor nada desprezável!...

E se pedíssemos facturas mesmo em compras de baixo valor?...

Joana Lopes disse...

Não sei, Jorge. acho isto muito rebuscado. O PD a fugir aos impostos assim?