DECÁLOGO DE UMA ADMINISTRAÇÃO ACEITÁVEL PARA
OS TRABALHADORES
Se quiser encontrar um caminho construtivo para a empresa, que
viabilize a prestação de um verdadeiro serviço público de rádio e
televisão, então convirá ter presentes os mandamentos que impõe
um elementar bom senso:
1) O novo CA deve ser nomeado pelo parlamento. Esta proposta
não é uma artimanha para invalidar as maiorias que saiam das
eleições: o partido mais votado do Governo continua a ser o mais
representado no parlamento. Mas é diferente esse partido, ou
algumas das suas eminências pardas, fazerem o que querem na
penumbra dos gabinetes, ou saberem que devem apresentar
ideias capazes de resistir a um debate aberto e transparente;
2) O novo CA, sem dever, naturalmente, dar garantias hipócritas de
apartidarismo, deve ter um perfil de compromisso autêntico com o
imperativo constitucional do serviço público e deve pôr esse
compromisso acima das suas inclinações partidárias, religiosas
ou outras;
3) O novo CA deve ser constituído por pessoas com uma trajetória
de serviço público, de preferência com tarimba feita na área da
rádio e/ou da televisão – a antítese dos comissários políticos
armados de lápis azul ou das comissões liquidatárias obcecadas
com critérios economicistas;
4) O novo CA deve caracterizar-se por uma capacidade de diálogo
com provas dadas, que lhe permita criar consensos com as duas
componentes fundamentais do serviço público: os trabalhadores
que devem prestá-lo e o público que dele deve beneficiar;
5) O novo CA deve vir decidido a fixar para a RTP os mais altos e
mais exigentes padrões de serviço público, aspirando a fazê-la
medir-se com as estações públicas europeias e pelas “guide
lines” da UER, e não como até aqui com as estações comerciais
portuguesas, numa sôfrega disputa de audiências, sem
escrúpulos de qualidade nem visão de futuro. É hoje possível tirar
partido da assunção da dívida pelo Governo que, ao libertar a
RTP da pressão pela disputa de receitas publicitárias,
involuntariamente criou melhores condições para reintroduzir nas
grelhas um critério de serviço público;
6) O novo CA deve restabelecer o diálogo interno na RTP, ouvindo
os organismos representativos dos trabalhadores, em tempo útil,
antes de fechadas as decisões e antes de se consumarem factos
irreversíveis;
7) O novo CA deve ter claro que a unidade demonstrada pelos
trabalhadores não vai tolerar que se pise uma fundamental linha
vermelha: a de efetuar um único despedimento ou uma única
rescisão imposta com métodos de assédio moral;
8) O novo CA deve restabelecer o respeito pela legalidade e pela
Constituição, não só no que diz respeito à prestação de serviço
público, mas também no que diz respeito aos direitos dos
trabalhadores, anulando os cortes salariais que o próprio Tribunal
Constitucional considerou violadores da lei fundamental;
9) O novo CA deve estar disposto a gastar no que faz falta e a
poupar no que é supérfluo: nenhuma rádio nem nenhuma
televisão podem funcionar sem salários justos e sem
equipamentos regularmente atualizados; mas todas podem
funcionar sem frotas faraónicas de carros de função, sem
vencimentos excetuados para as administrações e sem
mordomias para as direções;
10) O novo CA deve estar disposto a cortar a direito numa estrutura
engordada ao longo dos anos: tal como antes se decretou a
redução do número de vogais do CA, chegou a altura de reduzir o
número de direções – esta casa viverá bem com metade dos
seus cargos de estrutura;
As administrações passam, os trabalhadores ficam. Mostrámos na
passada quarta-feira que temos capacidade para lutar. A comissão
criada no plenário avançará com medidas de força, se for necessário.
Mas nem por isso deixamos de indicar as condições precisas que, do
nosso ponto de vista, permitiriam o estabelecimento de um clima de
diálogo dentro da empresa. Se essas condições forem tomadas em
conta, não é inevitável que o próximo CA tenha o mesmo fim inglório
que teve o de Guilherme Costa. Se forem respeitadas as obrigações
do serviço público e os direitos dos trabalhadores, poderemos entrar
num processo verdadeiramente construtivo.
O Secretariado da Comissão de Trabalhadores da RTP
comissao.trabalhadores@rtp.pt
Lisboa, 2 de setembro 2012
(Via Diana Andringa no Facebook)
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1 comments:
Olá Joana...
É de mim, de certeza, ou isto seria melhor intitulado com,
"UTOPIA DE DECÁLOGO DE UMA ADMINISTRAÇÃO ACEITÁVEL PARA OS TRABALHADORES"
Isto é digno da palavra "DECÁLOGO" pois, tal com a RELIGIÃO E A FÉ, não tem qualquer efeito prático para orientar os cérebros dos eventuais espécimes raros, que ainda possam existir, para a cultura dos VALORES.
Abr
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