27.9.12

Da Memória



No Público de hoje (sem link), mais um texto de Manuel Loff, que ainda se relaciona com a polémica com Rui Ramos mas apenas lateral e não unicamente, pelo que não o divulgo na íntegra.

No entanto, o tema é fulcral e destaco: 

«Uma vez superada uma ditadura, para que nos recordamos dela? Para enraizar a própria democracia que lhe sucedeu? Mas temos bem a certeza de que a democracia em que vivemos radica mesmo na memória da opressão que a precedeu? Os Estados democráticos descrevem habitualmente a sua (re)fundação como resultando da superação e da rejeição da opressão (política, social, étnica, cultural, de género...) que caraterizou as ditaduras que os precederam. Isto significa que há um sentido político, cultural, moral, na recordação de uma ditadura. (...)

Em Portugal, não está encerrado o debate sobre a natureza política do Salazarismo ou o peso da violência e opressão exercida pelo Estado, e muito pouco se discutiu sobre o peso do colonialismo e da Guerra Colonial na vida de milhões de portugueses e de africanos. 

É fácil perceber como a (des)memória das ditaduras é um índice decisivo da qualidade da democracia em que vivemos. Especialmente num momento em que a agressão brutal perpetrada pelos poderes político e económico ao conjunto da sociedade produz uma crise tão evidente da legitimidade democrática, que se faz acompanhar, habitualmente, da crise da crítica do autoritarismo.» 
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1 comments:

Septuagenário disse...

Este assunto do salazarismo, discutido nesta altura de crise, principalmente económica que as pessoas sentem, pode levar-nos a memória da outra crise que levou ao aparecimento do salazarismo.

E esta interrupção da democracia por 40 anos, ainda pode vir a inspirar alguns, se é que a Merkel não estará já "inspirada".