Ninguém esperava certamente que Cavaco Silva conjugasse a sua agenda com a da CGTP para evitar a visita de um chefe de Estado a Portugal, em dia de greve geral. Nem que se juntasse a um piquete, na Musgueira, ou que ficasse em casa de pantufas.
Mas daí a sentir a necessidade de sublinhar, quando ninguém o interpelou nesse sentido, que hoje «não deixou de trabalhar», «para que no futuro o crescimento do produto seja maior (...) e o desemprego seja menor», vai um passo absolutamente dispensável.
Um presidente que é capaz de se manter inabalavelmente calado durante semanas (quando muitos portugueses, no estado de ansiedade em que se encontram, e mesmo que irracionalmente, ainda esperavam dele um sinal de compreensão e de apoio), e que escolhe o dia de hoje para se demarcar expressamente de multidões de europeus e dos seus próprios compatriotas, merece ser qualificado com muito adjectivos possíveis. Prefiro escolher apenas um: Cavaco é mesquinho.
3 comments:
Olá Joana...
Como já nem vale a pena levar nada a sério nesta coisa a quem muitos ainda chamam país...
Apenas vou brincar e dizer que ele sentiu necessidade de falar pois o pasteleiro e o empregado que lhe fazem/servem as fatias de bolo-rei todos os dias, hoje estiveram a fazer greve... Como lhe faltou o bolo-rei, veio às televisões e disse isto...
Uma coisa é certa o PIB só por esta coisa não ter feito greve não vai contrair para aí uns 3%...
Abraço
Nem mais! Concordo. A criatura é inqualificável. Depois da névoa onde tinha estado, voluntariamente, aparece num hotel para nos dizer umas tretas e agora isto, no meio de uma greve geral!
E é isto um P.R! Não admira...depois do BPN.
Gosto do seu Blogue, que vim a conhecer através de "Um Jeito Manso".
P.Rufino
Ele deu o exemplo e falou pelos milhares de portugueses que tiveram a necessidade de ir trabalhar hoje, por maias que tivessem visto o seu caminho dificultado pelas greves.
Ele não falou pelos grevistas, porque para falar desses, incluindo aqueles manifestantes bastante pacíficos que estiveram na frente da manif a apedrejar a policia, já basta a comunicação social.
Estranho que não existe nada por aqui nesse sentido. Certamente que não há-de ser nada. Há coisas que é preferível não se ver.
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