7.11.12

Com um dia de atraso



Não sei se foi por um acto falhado que não me lembrei ontem das quatro horas televisivas que passei, há 37 anos, nesta mesma sala, em frente de um écrã mais pequeno e não colorido. Estou a referir-me ao célebre debate entre Cunhal e Soares, em 6 de Novembro de 1975, que ficou para a história sobretudo com o registo da frase com que Cunhal respondeu a Soares, quando este afirmou que o PC dava provas de querer transformar Portugal numa ditadura: «Olhe que não! Olhe que não!»

E falo de acto falhado da minha parte porque, no ponto em que estamos, me é relativamente doloroso recordar as esperanças que então tínhamos, mesmo em situação conturbada e a poucos dias do fim do PREC. 

Mário Soares ainda anda por aqui, agitadíssimo e, ao contrário do que possa parecer e do que muitos apregoam, absolutamente igual a si próprio e ao seu PS.

Tropecei nesta citação do debate, que me fez sorrir – sorriso amarelado, obviamente:

Álvaro Cunhal – «A aliança dos socialistas portugueses (...) é com os comunistas e com as forças de esquerda contra a reacção fascista, contra as forças da direita. Se os socialistas assim o compreenderem, podem dar uma contribuição muito positiva para a construção dum novo Portugal.» (Daqui.)


 

1 comments:

Fada do bosque disse...

Olá Joana! Há coincidências do arco da velha! Acabei agora mesmo de sair daqui:

http://www.rtp.pt/rtpmemoria/?t=FRENTE-A-FRENTE-SOARESCUNHAL.rtp&article=1730&visual=2&layout=5&tm=8

Depois de ter entrado aqui:

http://paramimtantofaz.blogspot.pt/2011/11/manual-de-instrucoes-para-golpes-de_23.html#links


Manual de Instruções para Golpes de Estado (2)
Mário Soares, fundador do PS (1973), ministro dos Negócios Estrangeiros (1974-1975), primeiro-ministro por duas vezes (1976-1978 e 1983-1985), Presidente da República por duas vezes (1986-1996), eurodeputado (1999-2004), candidato derrotado a um terceiro mandato a Belém (2006) e presidente da fundação com o seu nome, resolveu agora encabeçar um manifesto onde defende que "é o momento de mobilizar os cidadãos de esquerda que se reveem na justiça social e no aprofundamento democrático como forma de combater a crise". No dia 6 de Novembro de 1975, naquele que foi um dos mais importantes debates políticos em Portugal após o 25 de Abril de 1974, o líder comunista, Álvaro Cunhal, olhou Mário Soares nos olhos e explicou-lhe o que era uma revolução: "Uma revolução faz-se por alguém e, naturalmente, contra alguém". E Cunhal concluiu a ideia ao esclarecer que "não se pode fazer uma revolução se os órgãos de poder têm representantes desse alguém contra quem é feita essa revolução". :)

Claro que há 37 anos ainda era eu um pivete! :)