10.11.12

E quanto a Obama



Ainda bem que foi eleito, mas:

«"O melhor ainda está para vir", proclamou na noite da reeleição. Obama anuncia, à sua maneira profética, o mesmo que os governantes europeus anunciam com menos elegância oratória: que, sangrado o doente, virá a saúde eterna. Mas, na verdade, o que ele promete é apenas a continuidade da sangria. Obama é um democrata clintoniano e não rooseveltiano. Nunca o ouvirão dizer – como disse esse seu antecessor – que compreende as razões dos que odeiam os ricos. Não, como Clinton, ele dará continuidade à orientação antissindical, à política de rebaixamento dos salários, à cumplicidade com Israel contra a Palestina, à manutenção do império dos combustíveis fósseis e ao dogma de que os bancos são demasiadamente grandes para falirem.

Um Obama assim é a prova da perversão de um sistema político em que os democratas dão por garantido o voto da esquerda e, por isso, apostam sempre na sedução à direita. De tal forma que ficam eles próprios seduzidos pelo objecto da sedução. Talvez esta seja a mais útil contribuição das eleições americanas para Portugal.»

José Manuel Pureza

1 comments:

Anónimo disse...

Então porque é que ainda bem que foi eleito? Nem sequer era o mal menor no boletim de voto. Havia a hipótese de Jill Stein. É uma tristeza ver a esquerda a votar contra tudo aquilo que defende.