Farta, fartíssima dos mil balanços domésticos de 2012, dei por mim a identificar os meus ícones do ano. Dois locais onde já estive e que representam para mim, à sua maneira, o melhor e o pior dos últimos 366 dias: Rangum e Oslo.
Em Rangum, renasceu a esperança, num dos países mais fechados (e mais belos) do mundo, e as multidões exultaram de felicidade com a eleição de Aung San Suu Kyi para o Pyithu Hluttaw, a câmara baixa do parlamento. Foi pouco, foi quase simbólico, foi táctico? Pouco interessa: um passo de gigante, e de certo modo surpreendente, num país «parado e sem esperança», como o descrevi quando lá estive há cerca de três anos.
Sim, gostava de voltar a Myanmar, para rever Bagan do alto de um balão, para passar uns dias no Lago Inle e, sobretudo, para passar pela rua que dá acesso à casa de Aung sem esbarar na proibiçã0 policial.
Bem pelo contrário, por mais anos que viva, nunca mais porei os pés na sala onde se realiza a entrega do Prémio Nobel da Paz, em Oslo. Guardo o espectáculo a que este ano assistimos com um terrível sabor amargo, uma afronta, por mais desculpas e justificações esfarrapadas que tenham sido dadas por aqueles que estão sempre dispostos a justificar o injustificável e a ver «o lado positivo» mesmo onde ele é totalmente inexistente.
Ver aquela gente incompetente, e que tão mal está a tratar esta pobre Europa, ufana, a receber um troféu que já teve um significado importante ao longo de décadas, provocou em mim uma revolta incontida.
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Pronto. 2012 já está. Que venha 2013 e arregacemos as mangas porque vai ser muito, muito duro. Cá estaremos.
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