@Paulete Matos
No Público de hoje (sem link), Pacheco Pereira escreve mais um excelente texto que, dentro de alguns dias, estará online no «Abrupto». Mas deixo aqui estes excertos porque, em termos absolutamente certeiros, é neles posto o dedo na ferida de uma terrível realidade: o empobrecimento a que nos querem e estão a sujeitar, por razões ideológicas, e as suas trágicas consequências – a curto, médio e longo prazo.
«A grande incapacidade do Governo, que não é involuntária, mas voluntária, desejada, programática, é ignorar que nestes dias não é tanto a pobreza e a miséria que são características dos tempos que vivemos, mas sim o empobrecimento. O empobrecimento é um factor dinâmico muito mais importante do que a pobreza em termos de efeitos sociais e da perversidade de resultados. É evidente que o principal resultado do empobrecimento é aumentar a pobreza, mas pelo caminho destrói a fibra da sociedade, mergulha-a na apatia e na revolta, dois lados da mesma coisa, corroí-lhe o tónus moral, e faz aumentar todos os sentimentos mesquinhos. (...)
A grande falácia deste “PREC” é pensar que a sociedade, a economia e as empresas podem de repente, feito o “ajustamento”, iniciar um arranque glorioso para o crescimento económico e para a melhoria social, quando o que o empobrecimento faz à sociedade é retirar-lhe todo o potencial criativo e força anímica para qualquer reacção que não seja a sobrevivência egoísta e nalguns casos a exploração abusiva da situação em termos próprios.»
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