16.1.13

Palácio Foz: do SNI a Passos Coelho



Os factos são mais do que conhecidos: decorre desde ontem a conferência de dois dias sobre a reforma do Estado, organizada a pedido do governo, «para ouvir a sociedade civil», e a ordem foi clara: «Não haverá registos de imagem e som [durante os painéis]. A permanência dos jornalistas na sala é permitida. Não haverá [reprodução de] nada do que seja dito sem a expressa autorização dos citados».

As reacções não se fizeram esperar e o Sindicato do Jornalistas emitiu um comunicado em que identifica a decisão como «um atentado à liberdade de imprensa, pelo que vai apresentar queixa ao Conselho Regulador da Entidade Reguladora para a Comunicação Social».

Muitos profissionais da comunicação social abandonaram a sala como forma de protesto, outros decidiram ficar, como Filipe Caetano da TVI, que, durante todo o dia de ontem (e já hoje também), optou por um louvável acto de desobediência civil e foi actualizando (e está a actualizar) o Twitter com extractos do que está a ser dito. (Pode ser seguido aqui.)

As paredes dos velhos edifícios têm muitas histórias para contar e sempre lamentei que o Deus criador não as tivesse dotado com um qualquer meio de expressão que lhes permitisse comunicar com os mortais que acolhem. Ontem, os corredores do belíssimo Palácio Foz teriam sussurrado um mar de recordações dos tempos áureos em que acolheu o sinistro SNI (Secretariado Nacional de Informação), o organismo público responsável pela propaganda política, informação pública, comunicação social, turismo e ação cultural, durante o Estado Novo. Talvez com projecções de imagens de António Ferro ou de César Moreira Baptista.


Alguém encontra melhor paralelismo com que está a acontecer no Palácio Foz? Nem as paredes sonhavam com tal regresso ao passado! Nem nós...
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