«Cavaco Silva [no discurso de Ano Novo ], para não variar, tentou salvaguardar a sua posição. Não a instituição Presidência da República, de que é temporariamente titular, mas o político Cavaco Silva, o que nunca se engana e raramente tem dúvidas, que adivinha sempre o que vai acontecer e que depois não se esquece de nos lembrar as suas previsões. (...)
Mas afinal não, Cavaco Silva não salvaguardou a sua posição. Não conseguiu sacudir a água do capote. Cavaco, mais que tudo, não resolveu o seu problema. E o seu problema não é o Orçamento, não é o de decidir pela fiscalização preventiva ou sucessiva, vetar ou não politicamente o diploma, abrir uma crise ou não. O seu problema é de credibilidade. Cavaco Silva, enquanto Presidente, já cometeu demasiados erros, já disse demasiadas vezes "eu não disse?", já brincou demasiadas vezes ao "passa ao outro e não ao mesmo" para que se possa confiar nele. O que será, será; a única certeza é que nada acontecerá pela mão dele. Ele irá sempre na enxurrada das circunstâncias. O problema é se não é a sua própria presidência a ir na enxurrada.»
Pedro Marques Lopes
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