17.2.13

Experimentalismo e radicalismo ideológico



Como acontece habitualmente em tempos de crise aguda como aquele em que vivemos, o que há muito pouco tempo era ainda inverosímil aparece agora escrito e dito um pouco por todo o lado. Se, há meia dúzia de meses (ou de semanas?...), só a esquerda da esquerda denunciava inequivocamente o experimentalismo e radicalismo ideológico a que estamos a ser submetidos por este governo, por Bruxelas e por troikas várias, não é por acaso que vemos agora gritos de alerta diários, vindos de figuras que se identificam com a direita e que têm ou tiveram peso dentro dos partidos que estão no poder. E não se diga que é apenas ou sobretudo por oportunismo, ou por lutas partidárias fratricidas, que denunciam com estrondo o que vamos sabendo. Porque não é verdade.

Leia-se, hoje, Pedro Marques Lopes no DN:

«Não é só uma revolução económica que está em marcha, é sobretudo uma revolução social. O Governo e os loucos europeus apostaram na revolução, no mais puro radicalismo ideológico. Resolveram testar meia dúzia de princípios ideológicos colados com cuspo e decidiram tornar uma geração praticamente inteira num exército de inúteis, de gente dispensável, de pessoas que não encaixam, que viverão à margem.

Só que uma comunidade não subsiste, não coopera, não prospera, dividindo os seus cidadãos em obsoletos e modernos, em velhos e novos, em úteis e inúteis, em funcionários privados e públicos, em empreendedores e não empreendedores (...)

Num país com um exército de desempregados, minado pela pobreza, com as prestações sociais muito diminuídas, a democracia será apenas um detalhe sem importância. Pouco tempo sobreviverá.

Quanto tempo ainda teremos? De quanto tempo mais precisará a Europa para perceber que está a destruir um país? De quanto tempo mais precisará Passos Coelho para entender que tem de inverter o rumo? Nós já temos pouco, muito pouco tempo.» 
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