Anteontem, em Almada, cerca de 500 elementos das associações de Oficiais das Forças Armadas, Sargentos e Praças estiveram reunidos e criticaram duramente a actuação do governo e do ministro da Defesa. Convocaram uma concentração para o próximo dia 20 de Março, por ocasião da entrega de uma carta ao Primeiro Ministro. A seguir com atenção.
Depois de uma série de considerandos, que podem ser lidos aqui, declaram na referida carta:
«Os militares dos Quadros Permanentes (QP), nas situações de activo, reserva e reforma, e em Regime de Voluntariado (RV) e de Contrato (RC), reunidos no Pavilhão de Desportos de Almada, para debaterem as medidas ditas de austeridade que lhes têm vindo a ser impostas e os problemas com que são confrontados, sem esquecerem os seus concidadãos que vêm sendo igualmente confrontados com enormes sacrifícios que parecem não ter fim, aos quais transmitem toda a sua fraterna solidariedade, decidem o seguinte:
- Lembrar que os militares nunca procuraram eximir-se aos sacrifícios impostos a quase todos os portugueses, mas que continuam a considerar indispensável que a equidade presida à distribuição dos correspondentes esforços;
- Levar ao conhecimento da opinião pública que, com a descaracterização e desarticulação das Forças Armadas em curso, está a pôr-se em causa um pilar fundamental do Estado, último garante dos Superiores Interesses Nacionais;
- Manifestar indignação pela forma como o Sr. MDN actua e permite que se actue perante a opinião pública, esquecendo o dever de tutela, que, para os militares, é sagrado;
- Considerar como uma autêntica exigência nacional a necessidade de se pôr cobro às gravosas medidas de que são alvo as Forças Armadas e os militares.
Para isso, mandatam as Associações Profissionais de Militares (APM) para:
- No próximo dia 20 de Março, a partir das 17H30, procederem à entrega da presente Resolução na Residência Oficial do Sr. Primeiro-Ministro, convocando uma Concentração de Militares para o mesmo local e hora, como símbolo do estado de espírito que os leva a essa diligência, apelando desde já aos que participam neste Encontro para que nela compareçam;
- Em função da resposta do poder político, prosseguirem nas acções e iniciativas eventualmente consideradas necessárias para que os objectivos traçados possam ser atingidos.»
3 comments:
como se fossem só eles os visados de desgovernos e crises que assolam o país...
Ninguem quer nada, todos querem tudo.
Vai ser uma chatice, ou melhor foi sempre uma chatice.
Devo louvar a clarividência deste post, porque expôe algumas das preocupações dos militares. Quando "alguns" pouco avisados na matéria como é o caso dos dois comentaristas anteriores, nem se preocupam em perceber o que se passa. Na realidade, coloca-se tudo no mesmo saco. Como se todos os que trabalharam no Estado, fossem iguais. Ninguém se preocupa com o trabalho durante uma vida dos militares, aí puderam ser diferentes de quem trabalha no privado. Aos militares, para além da sujeição a especiais deveres, são subtraídos direitos de cidadania conferidos aos restantes cidadãos (incluindo os funcionários publicos), nomeadamente: (disponibilidade permanente para o serviço, i.e., mobilidade sem quaisquer restrições, sem direito a horas extraordinárias, e a fazer greve). E, para além disso, são impostas restrições no âmbito mais vasto dos direitos, liberdades e garantias – limitações aos direitos de: liberdade sindical, expressão, reunião, manifestação, petição coletiva, capacidade eleitoral passiva, representação coletiva no foro judicial. E agora devem ser tratados como se não tivessem passado por isto tudo? trata-se como igual o que foi sempre diferente?
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