Nunca será de mais sublinhá-lo: vivemos tempos dramáticos, em que é a própria democracia que está em causa porque estamos a ser governados por gente perigosa, aquém e além fronteiras.
«Atravessamos, pois, um período histórico assaz negativo. Não é o primeiro, nem será o último. Este que nos coube tem uma característica peculiar. Numa era em que a democracia se tornou numa ideologia dominante e a liberdade numa bandeira sistémica, assistimos, afinal. a uma perversão destes valores.
Na Europa, os governos democráticos agem deliberadamente contra a população que os elegeu. Criam o caos, roubam descaradamente rendimentos e poupanças, atiram multidões imensas para a inatividade e a pobreza extrema. São homens que deixaram de servir o bem público e se curvam perante interesses ditados por entidades sem qualquer legitimidade democrática. Vendem os seus países ao desbarato. Hipotecam futuros. Somos governados por fantoches em democracias que se tornaram meramente formais sem conteúdo político e, sobretudo, onde falta a diversidade. Democracias suspensas.
Muitos intervenientes afirmam mesmo, sem pudor, que não interessa derrubar o atual governo e realizar novas eleições, porque tudo ficaria na mesma. Haverá maior confissão de fracasso do sistema democrático? Cabe perguntar. Se a democracia deixou de valer, o que resta então ao povo senão a revolta violenta? A elite política e económica anda definitivamente a brincar com o fogo.»
Leonel Moura, no Jornal de Negócios de hoje.
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