«Segundo os chineses, os ingleses gostavam de usar monóculo para só verem o que queriam. Em Portugal a classe política usa um funil no ouvido para só escutar o que deseja. É uma evolução digna de nota, mas é ela que também explica o remoinho que as palavras de Cavaco Silva, que quer tudo menos eleições, causaram no Parlamento. António José Seguro já tem um inimigo para unir o PS.
O PSD e o PP têm um álibi protector para os dislates do Governo e da UE. Enquanto isso o modelo dos cortes sociais e do aumento de impostos continua como obrigação ideológica, mesmo que os feridos vão aumentando. Na Península Ibérica já são mais de sete milhões de desempregados. (...)
As questões mais sérias que neste momento mereciam debate não foram ouvidas neste fogo-de-artifício débil entre facções. Por um lado se Portugal poderá algum dia sair do buraco sem deixar este euro ou sem a Europa mudar de ideologia económica. Por outro, numa reflexão mais profunda, se existe liberdade verdadeira sem segurança, como um dia disse Isaiah Berlin. E é toda esta segurança que tem sido retirada aos portugueses, deixando-os entre a perdição interna e a saída para o estrangeiro em busca da sua Ilha dos Amores.»
Fernando Sobral
(O link pode só funcionar mais tarde.)
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