Numa antiga vila do nosso Oeste, a menina Etelvina atravessava a rua todos os dias para comprar 50 gramas de manteiga amarela e trazia para casa 1/2 quilo de açúcar num cartuxo de papel pardo. Na velha mercearia inscreviam-se as dívidas num caderno de capa preta, para mais tarde serem pagas à semana ou ao mês, e ninguém falava de campanhas de descontos.
Se tivessem dito à menina Etelvina, sempre assim conhecida mesmo quando já bem encarquilhada nos seus 80 e tal anos, que os seus bisnetos se levantariam mais cedo num dia feriado para fazerem uma longa fila à porta da mercearia onde esperavam encher um carrinho de víveres e pagar só metade do preço (não com dinheiro mas com um cartãozinho de plástico), ela ter-se-ia benzido e rezado uma avé-maria. Mas se soubesse depois que, afinal, tinham sido enganados por um boato, que alguém tinha lançado na tasca da esquina, daria uma enormíssima gargalhada. E voltava para casa com 50 gramas de manteiga e 1/2 quilo de açúcar.
Hoje, lembrei-me da menina Etelvina.
(Imagem daqui.)
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