«A descontracção com que se anunciam disposições para depois se voltar atrás, ignorando olimpicamente as expectativas das pessoas, semeando o pânico e a insegurança na população, faz com que os cidadãos percam qualquer tipo de confiança em quem os governa. Neste Governo não são só algumas das normas acordadas com a troika que são facultativas, é tudo facultativo. Tudo pode acontecer, nada é previsível, tudo pode ser alterado dois minutos depois de ser anunciado. Nada parece ser minimamente estudado, tudo parece ser decidido na base dum qualquer achar ou baseado num compêndio mal estudado. (...)
Nunca um Governo fez tanto pelo desprestígio da política e dos políticos. O cidadão pode não concordar com uma decisão, pode até discordar de toda uma linha política. Outra coisa é não ter a mínima confiança em quem lidera o País, não poder acreditar naquilo que o Governo anuncia, porque o mais certo será ser desdito no dia seguinte. (...)
Um Governo em que não se pode confiar, um Governo completamente descredibilizado e que descredibiliza a política e os políticos, um Governo que luta mais internamente do que com a troika ou a crise, um Governo manifestamente incompetente. Este Governo é em si mesmo uma crise política. Mantê-lo é agravar essa crise. (...)
Valha-nos nossa senhora de Fátima, já que o seu devoto Cavaco Silva prefere ver o País a afundar-se a ter de assumir as suas responsabilidades.»
Pedro Marques Lopes
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