Se ontem ainda se podia pensar que a utilização do termo pelo primeiro-ministro tinha sido apenas descuido ou falta de memória histórica, a insistência, hoje, já parece mais suspeita.
Mas onde quaisquer dúvidas se dissipam é se recuamos a 25 de Abril de 2011, com o PSD ainda na oposição, e relermos o que Passos Coelho então disse: «Ter a ideia de que, como estamos com um problema muito sério para resolver, temos de fabricar em Portugal uma espécie de União Nacional é uma perversão, ainda para mais a ser invocada num dia como este, porque a União Nacional não é desejada em Portugal, nem pelos que têm memória da que já existiu, nem por aqueles que, com prudência, aprendem lições do passado.» (É melhor ouvi-lo.)
Sejamos portanto claros: o primeiro-ministro, ontem, sabia mesmo o que queria dizer e o que era para ele uma «perversão» em 2011 deixou de o ser. Interpretem-se as diferenças.
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