25.7.13

Escrito nas estrelas?



No momento que a poeira das últimas semanas começa a assentar, vai sendo possível olhar para o que se passou com um certo recuo e tentar interpretar o guião dos diferentes episódios de uma telenovela a que assistimos mais ou menos atónitos.

No Negócios de hoje (*), Luís Nazaré caracteriza bem, no meu entender, o que fez correr o presidente da República.

«O presidente Cavaco Silva terá pressentido o perigo da situação – um PSD cada vez mais acossado, à esquerda e à direita, perante uma situação económico-financeira preocupante – e viu, também ele, a oportunidade de entrar na História. Fustigado por críticas à sua inacção e complacência para com o Governo, o Presidente quis surpreender. E fê-lo de modo hábil. Fosse qual fosse a vontade da maioria dos portugueses, estava escrito nas estrelas que não haveria acordo com o PS. Cavaco Silva sabia-o bem, tão bem que o seu envolvimento – directo ou por interposta pessoa – no processo negocial foi praticamente nulo. Para a História, ficará a sua tentativa "patriótica" de promover um entendimento a três. Acabará por dar posse, sem reservas, a um governo recauchutado, com presença reforçada do CDS. Missão cumprida.»

O que Luís Nazaré não diz, e que não estava escrito nas estrelas, é que o PS não devia ter embarcado da forma como embarcou em toda esta história. Mesmo que tivesse ido a uma primeira ronda de conversas, sabia à partida que os dados estavam viciados e tinha obrigação de não acreditar, de domingo a quinta-feira, como afirmou, que um acordo parecia possível. Mas claro que isso só podia ter acontecido com um outro Partido Socialista e com um secretário-geral saído de uma galáxia bem diferente daquela onde vagueia, tristemente, António José Seguro.

(*) O link pode só funcionar mais tarde.
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