Isto foi escrito em 1928. Comentários para quê.
«Podem e devem fazer-se esses sacrifícios?
Eu reputo-os imprescindíveis; direi mais, eles têm de fazer-se: a nós só compete escolher a forma de fazê-los. (...)
Mas não tenhamos ilusões; as reduções de serviços e despesas importam restrições na vida privada, sofrimentos, portanto. Teremos de sofrer em vencimentos diminuídos, em aumentos de impostos, em carestia de vida. Sacrifícios, e grandes, temos nós já feito até hoje, e infelizmente perdidos para a nossa salvação; façamo-los agora com finalidade definida, integrados em plano de conjunto, e serão sacrifícios salutares.»
António de Oliveira Salazar, 9/6/1928
85 anos depois – o que nós andámos para aqui chegar.
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3 comments:
Esta citação demonstra o quê? Que Salazar é que sabia, que soube, que saberia agora resolver a crise? Que não é a primeira vez que estamos entalados e precisamos de um Salazar/Gaspar para nos meter na ordem?
Também é costume ir buscar análises lapidares do Eça para provar que o ilustre já em mil oitocentos e troca o passo descrevia maravilhosamente esta portuguesice manhosa dos "bananas governados por sacanas".
Na verdade, nem ele nem Salazar tinham capacidades premonitórias; o país é que não mudou um milímetro entre 1822 e 2013. Agora, enquanto citar o Eça é uma boa conversa de salão, citar o Salazar é um perigo. Não que o velho botas possa voltar, mas porque apela para uma solução botas para o nosso mal. Convém lembrar que ele analisou bem, mas não corrigiu. O país que nos deixou foi o mesmo que recebeu, ressabiado com mais uns vícios autoritários.
José Couto Nogueira
José, citar Salazar não é um perigo, mas um aviso por dois motivos:
- o austeritarismo de Salazar não resolveu os problemas do país como o actual não resolve;
- Salazar deixou marcas de autoritarismo, que estão longe de estar apagadas, e que se revelam em muitas atitudes recentes, por exemplo de Cavaco Silva.
É por isso que apesar de oficialmente escatológico o tempo é, em rigor, cíclico. Renovamos e renovamos o mau.
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