13.8.13

A Suécia e o multiculturalismo



«A Suécia crê-se uma sociedade homogénea e igualitária. Na realidade, o país tem dificuldade em integrar as suas minorias e a segregação está na ordem do dia. (...)

As imagens [dos motins] que vinham da Suécia deram a volta ao mundo. Um sentimento de raiva num país onde o governo toma conta das pessoas desde o primeiro grito até ao seu último suspiro? Racismo e segregação no país mais igualitário do mundo? Rapidamente se tornou evidente que era verdade. Enquanto o mundo estava distraído, o modelo sueco era posto em causa. A Suécia continua a ser uma sociedade igualitária, mas as desigualdades aumentaram mais do que em qualquer outro país da Europa. (...)

A Suécia concede, todos os anos, cada vez mais vistos de residência, ao contrário de muitos países da Europa, onde esse número baixou. (...)

Em alguns bairros, 80% das pessoas que ali vivem são imigrantes de primeira ou de segunda geração e 50% estão desempregadas, contra os 8% de taxa global de desemprego da Suécia. Um imigrante em cada quatro não acabou a escolaridade. E se 3% das crianças suecas são pobres, essa taxa sobe para os 40% entre as crianças filhas de imigrantes. (...)

Um debate multicultural atrasado
Ullenhag tem a solução: um novo “nós” para a Europa. “Não gosto do facto de, na Europa, o “nós” se referir sempre ao passado. Nos Estados Unidos todas as pessoas que moram em território americano são americanas. Ali, o “nós” está virado para o futuro. É preciso que também seja assim na Europa.”
“Seria tudo muito diferente se começássemos por reconhecer que já não somos o país homogéneo onde toda a gente é igual”, diz o escritor e jornalista Viggo Cavling.
Mas é precisamente isso que a Suécia tem dificuldade em reconhecer, segundo o investigador em imigração Hübinette. “Atualmente, há 19 % de suecos com um ou até mesmo os dois dos seus progenitores de origem estrangeira. Mas ainda não temos consciência disso. É preciso não esquecer que a Suécia nunca teve colónias. É sobretudo por isso que a Suécia é um país nacionalista. Os suecos não gostam apenas de fazer bem, também nos achamos muito bons. Acolhemos voluntariamente os refugiados mas temos dificuldade em reconhecer que os deixamos à mercê de situações inadmissíveis. Temos duas décadas de atraso no debate multicultural.”»

(Daqui)

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