Cavaco Silva defendeu ontem que «Portugal deve afirmar-se como "um país previsível", apoiando a convergência entre partidos em torno de grandes orientações da política económica».
Antes de mais, ele sabe, tão bem como nós, que a previsibilidade não se decreta e que o futuro próximo só é «previsível», para Portugal e para a Europa, pelas piores razões.
Em segundo lugar, nunca é de mais sublinhar que esta ideia fixa da convergência dos partidos, num consenso de salvação nacional, é antidemocrática na essência, porque despreza a necessária e indispensável diversidade de projectos para a sociedade, que implica sempre conflituosidade.
Mas, mas... é bom recordar que já lá vão oito anos desde que o presidente disse uma frase límpida e esclarecedora, em entrevista a Judite de Sousa: «duas pessoas sérias com a mesma informação têm de concordar». Foi então grande o escândalo que provocou, hoje já nem estranhamos. Porque previsível, sempre previsível, é ele – para nossa desgraça. E, com a idade, só se muda para pior.
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