A Clara Cuéllar já chamou a atenção para o caso de Nelson Arraiolos, um cidadão que deverá amanhã tentar entregar ao presidente da República uma carta em que explica os motivos pelos quais deixará de pagar qualquer tipo de imposto: está desempregado, sofre de uma doença degenerativa para a qual não tem apoio adequado e a sua família foi alvo de penhoras, por parte das Finanças, por causa de dívidas por ele contraídas.
Mais uma situação que, inevitavelmente, me levou a recordar o caso de Alcides Santos que, há meia dúzia de meses, tomou uma decisão semelhante interpelando o Provedor de Justiça. Por circunstâncias várias, o desfecho foi bom: está empregado, voltou a conseguir «respirar».
Se sou amiga do Alcides e não conheço o Nelson Arraiolos, não fico de todo indiferente e aplaudo e admiro quem não se conforma, nem desiste, mesmo numa situação desesperada, de utilizar as poucas armas de que ainda dispõe: os direitos que a Constituição lhe concede e que vai reclamar junto daquele que tem o dever de ser o seu principal guardião. Como tantos outros portugueses, podia simplesmente deixar de pagar impostos sem mais explicações, mas fez a opção corajosa de sair da sua zona de (des)conforto e de tornar a sua situação oficial e pública. Resistência activa é isto.
Somos todos nós que somos interpelados também – amanhã, 18 de setembro, às 12:00.
(Quando tiver notícias do que se terá passado em Belém, informo.)
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1 comments:
Apoio sem tréguas tudo quanto se possa fazer pelas pessoas, evidentemente.
Mas odeio a caridade e a miséria humana que esconde.
Ainda vou ter de ver o desgoverno a reabrir a Mitra? Os Dispensários da Tuberculose? Os casaquinhos tricotados nas escolas para os filhos dos pobres casados pela Igreja? A proibição de andar descalço em Lisboa?
Desculpe-me a agressividade mas esgotou-se-me a paciência para a pandilha. Às vezes, consigo rir.
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