20.9.13

Quando, em Portugal, se rejeitava a social-democracia



Os jornais de 20 de Setembro de 1975 relatam a tomada de posse, ocorrida na véspera, do VI Governo Provisório, presidido por Pinheiro de Azevedo (veja-se a composição e registe-se que por lá andava um dos actuais ministros...), governo esse que sucedeu ao último executivo chefiado por Vasco Gonçalves.

Foi este o tom de parte do discurso do primeiro-ministro, no acto da tomada de posse:

«Todos temos consciência da situação de justificado descontentamento que envolve amplas camadas desfavorecidas da população e da consequente perturbação política e social, que, habilmente aproveitada por forças contra-revolucionárias, põe em perigo o processo revolucionário e as conquistas tão duramente alcançadas pelo povo português (...)
Como o senhor Presidente da República [Costa Gomes], também eu rejeito a social-democracia, como objectivo final da Revolução.
Pretendo incluir-me num esforço conjunto, consciente e responsável, centrado na edificação da República Socialista Portuguesa. (...)
A ordem democrática e autoridade revolucionária são imprescindíveis para, com serenidade e firmeza, se consolidarem as vitórias do povo português, repensando a Revolução, reformulando os serviços melhorando a vida do homem e da colectividade.
Defendemos a via do socialismo e da democracia pluralista para atingirmos a sociedade socialista.
O que exige uma clara e firme direcção política.
Admitimos partidos que defendam a social-democracia, com os quais consideramos ser necessário e útil colaborar, sem no entanto lhes permitir tomar a direcção política do processo revolucionário. Permitimos outros partidos capitalistas definindo-os, desde já, como oposição ao socialismo que pretendemos, e não transigindo com acções contra-revolucionárias. Veremos com satisfação a convergência das forças socialistas num projecto consequente de transformação da sociedade portuguesa.»

(Fonte) 

O socialismo nunca veio e (uma espécie de) social-democracia já foi.
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