«Há praticamente um ano, Olivier Blanchard, um prestigiado académico, economista chefe do FMI, admitiu publicamente o erro que cometera ao subestimar os efeitos contraccionistas da austeridade, juntando-se aquilo que era já a opinião conhecida de alguns técnicos.
Christine Lagarde que, no início de toda esta história, dissera que Portugal não iria apenas sobreviver mas até crescer com o programa de austeridade, foi-se multiplicando em declarações que a distanciavam da austeridade, criando a maior perplexidade em todos os que assistiam à teimosia obstinada da troika.
Se não se podem deixar de ver laivos de hipocrisia ao longo da sua actuação, bem mais grave é a sua última afirmação crítica da austeridade e do seu ritmo: "Dissemo-lo porque é também uma questão de honra para o FMI reconhecer os seus erros quando eles são cometidos ou de reconhecer que alguns temas não foram suficientemente abordados e explorados a fundo".
Que pensar, com efeito, de alguém que pensa que lava a honra da instituição a que preside pela simples admissão de que errou sem sequer pedir, pelo menos, desculpa aos Estados a quem impôs programa errados, ou aos milhões de vítimas dessa política?
No mínimo, que a honra de Christine Lagarde se perdeu.»
Eduardo Paz Ferreira, no Negócios.
(O link pode só funcionar mais tarde.)
.
0 comments:
Enviar um comentário