A IAC publicou recentemente um documento com «10 Perguntas Frequentes sobre a Dívida» e respectivas respostas, simples e sucintas, que ajudam a eliminar muitos «fantasmas». Escolho uma:
As pessoas gastaram mesmo «acima das suas possibilidades»?
Quando nos dizem “gastámos acima das possibilidades” querem-nos culpar pelo endividamento e preparar-nos para pagar essa “culpa”, custe o que custar. No entanto, o plural no “gastámos acima das nossas possibilidades” é no mínimo um pouco exagerado.
O PIB é muitas vezes descrito como um “bolo” a repartir por diferentes usos. Se olharmos desta forma para o PIB, descobriremos que a parte do “bolo” que foi consumida pelas famílias e pelo Estado aumentou muito pouco entre 1995 e 2007. O que mais mudou na repartição do “bolo” neste período foi o peso das importações devido à substituição de produção nacional por bens e serviços provenientes do exterior. As importações passaram de 34 % do PIB em 1995, para 40 % em 2007.
Quem se endividou? Parte da resposta encontra-se num estudo do Banco de Portugal e do INE chamado Inquérito à Situação Financeira das Famílias 2010, publicado em maio de 2012. Lendo esse estudo fica-se a saber que em 2010:
- a maior parte das famílias portuguesas (63%) não devia nada aos bancos ou a qualquer outra instituição financeira;
- a maior parte das dívidas das famílias dizia respeito à aquisição de habitação (24,5 % das famílias portuguesas estava a pagar empréstimos contraídos para adquirir habitação principal);
- poucas famílias tinham outras dívidas (3,3% tinham contraído empréstimos para adquirir outros imóveis, 13,3% para outros fins e apenas 7,5% estavam a pagar empréstimos obtidos com cartão de crédito, linhas de crédito e descobertos bancários);
- quem devia era quem tinha maior rendimento (nos 10% das famílias com maior rendimento, 57,4% das famílias eram devedoras; no grupo das 20% com menor rendimento apenas 18,4 % das famílias estavam endividadas)..
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