«A pluralidade da esquerda não é um defeito. A diversidade da esquerda é um bem. Ela exprime trajetórias, entendimentos do mundo, culturas políticas e propostas diferentes. (...)
O bulldozer da austeridade exige hoje esforços redobrados de convergência das esquerdas. E tragicamente o que está diante dos nossos olhos - na Alemanha, em França, na Grécia ou em Portugal - mostra que não se pode contar com os partidos da social-democracia para esse enfrentamento. Engana-se quem crê que uma pressão credível à esquerda faria infletir esses partidos, receosos da perda de eleitorado, para uma governação de combate contra as troikas e em defesa dos direitos e dos serviços públicos. Que não o tenham feito quando a relação de forças favorecia um tal compromisso diz tudo sobre o que podemos esperar.
É neste quadro que a luta contra a austeridade tanto ganhará força com uma convergência de proposta como a perderá com um equívoco. (...) Ora, equívoco seria organizar uma candidatura às europeias de que resultassem eleitos que depois se inseririam em famílias políticas diferentes com posições diferentes no essencial. Equívoco seria fingir unidade entre quem acha que este é o tempo de desobedecer a uma Europa que só serve para nos punir e quem acha que mais esvaziamento das autonomias dos Estados é a solução. Somar forças é imperativo diante do rolo compressor da austeridade sem fim. Mas iludir os eleitores sobre um programa, a pretexto de uma unidade aritmética que permita uma eleição associada a um inaceitável "e depois logo se vê", seria pior a emenda do que o soneto.» (Realces meus.)
José Manuel Pureza
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