7.2.14

Há 39 anos, um 7 de Fevereiro bem diferente



Portugal estava activíssimo no início de 1975. O desemprego aumentava, a discussão sobre a unicidade sindical tinha atravessado todo o mês de Janeiro, as forças de extrema-esquerda tinham já tido tempo para consolidarem as suas organizações e crescia a número de casas e de terras ocupadas. Cereja em cima do bolo, uma esquadra naval da NATO entrou no Tejo em 2 de Fevereiro, o que levou os delegados dos trabalhadores da Inter-Comissões de Empresas da Cintura Industrial de Lisboa a convocarem uma marcha de protesto para 7 de Fevereiro.

Apesar de proibida pelo Governo Provisório de PPD, PS e PCP e pelo Governo Civil, o apelo à manifestação, contra o desemprego e contra a presença da NATO, recebeu o apoio de inúmeras organizações partidárias e comissões de trabalhadores e a condenação do PCP, do PS e da Intersindical.

Mas realizou-se, partiu do Terreiro do Paço e, no Marquês de Pombal, foi travada por uma força de intervenção dos comandos, equipada com carros de combate e metralhadoras, para impedir que os manifestantes acedessem à Avenida do Duque de Loulé, onde então ficava a embaixada dos Estados Unidos. Quando se anunciava uma confrontação violenta, um major do COPCON mandou afastar os chaimites e abrir caminho.

Seguiu-se depois para o Ministério do Trabalho, na Praça de Londres, onde havia uma nova barragem de militares. Mas estes puseram as armas em posição de descanso e aderiram à manifestação de punho erguido enquanto gritavam: «Soldados e marinheiros também são explorados!» e «Viva a classe operária!». Teve então lugar um acalorado comício e passava da meia-noite quando tudo terminou, cinco horas depois de ter começado, naquilo que foi considerado «um poderoso grito de revolta contra o desemprego, o capitalismo e o imperialismo».

Fonte e mais detalhes.

Notícia aqui e aqui.
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