«Hoje, tem de se governar de acordo com uma minoria ruidosa pretensamente maioritária que se publica, e que se faz ouvir a toda a hora, e das formas mais inesperadas. O país parlamentarizou a informação e análise, com jornalistas que informam com opinião, políticos que são pretensamente informadores e analistas que apenas fazem política. Travestimos as funções de poder, contra-poder e de informação, e ninguém declara os seus interesses e as suas ideologias. (...)
Os media cavalgam hoje ondas (Miró, urgências médicas, emigração, falta de medicamentos, excesso ou falta de despesa pública, impostos a mais ou a menos, regulamentos omissos ou intrusivos, decisões dos tribunais, etc.), esperando, como na Nazaré, que estas afoguem o adversário, ou nos deslumbrem pela dimensão do problema que arrastam. (...)
Os partidos lutam pelas preferências do votante mediano, aqueles que maioritariamente sofrem as consequências das mudanças, e navegam no politicamente correcto. O centro serve para a próxima alternativa atingir o poder. É o círculo vicioso do eleitor que elege a sua prioridade momentânea. As instituições, e os políticos que as servem, não protegem o longo prazo, mas o efémero do ciclo eleitoral. (...)
O agente Governo a quem confiámos a busca do bem público dedica-se na maior parte do tempo a responder a clientelas públicas e privadas, que utilizam os media, com a conivência cobarde das oposições, para acicatar os ânimos dos eleitores que dificilmente aceitam o xadrez histórico em que estão metidos.»
Jorge Marrão
(O link pode só funcionar mais tarde)
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