«Ao longo da vida, alguns têm a oportunidade da sua "estrada de Damasco". E eu acabo de ter a minha em relação a Cavaco Silva. Para interpretar um texto é preciso estar à sua altura, e até agora nenhum comentador percebeu o mistério que se oculta no prefácio de Roteiros VIII. Quando o PR nos pede consenso para 20 anos de servidão voluntária, percebi que era preciso finura hermenêutica. Será que o magistrado supremo pretendia imitar Jonathan Swift, que na sua satírica Modesta Proposta (1729), sugeria o canibalismo infantil para resolver a mendicidade irlandesa? (...)
Afinal, Cavaco é um discípulo da escrita esotérica de Leo Strauss. É adepto de um erotismo semântico, que esconde, revelando. Que oculta, manifestando. O país está à deriva. Mas, revisitar as obras de Cavaco nesta lógica da suspeita interpretativa, promete as delícias de uma nova e iniciática ciência.»
Viriato Soromenho Marques
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