20.3.14

Merkel e as «nossas» Europeias



«PSD e PS esforçam-se, com devoção patriótica, para mostrar que têm divergências sobre o presente e o futuro de Portugal. Os portugueses, com uma lupa, tentam encontrá-las.
Angela Merkel, que sabe como funcionam os microscópios políticos, não encontra diferenças relevantes. (...)

Sendo assim, se ambos [PS e PSD] se comprometem a seguir cegamente as opções de Berlim, o que é que os leva, passados minutos, a soltar os seus galos de combate para mais um debate épico? As eleições europeias. PSD e PS precisam de mostrar que são divergentes, apesar da sua convergência. Afinal as regras do tratado orçamental foram subscritas pelos dois desavindos. Sabe-se que a política é um jogo, mas às vezes parece que tudo não passa em Portugal de uma versão de "Rambo: The Videogame": o que interessa é somar pontos, insígnias, ultrapassar obstáculos e conseguir privilégios. Ou seja, resultados eleitorais e poder.

Merkel bem pode fornecer a consola a Passos Coelho e António José Seguro para estes se entreterem. O que interessa é mostrar que Portugal é um caso de sucesso, que não há mais custos associados para os eleitores alemães e que todos irão gerir a austeridade durante os próximos 20 anos. Nada de mais simples. Merkel, no fundo, diz: que venha o próximo Bloco Central.»

Fernando Sobral, no Negócios de hoje.
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