«A União Europeia é excepcional na arte do lançamento do martelo. Gosta de atirar o peso dos problemas para o futuro.
Às vezes gostaria de ter uma máquina do tempo para fugir do presente, da crise da dívida, dos dilemas dos défices e da austeridade, da pressão dos eleitorados cada vez mais nacionalistas, da incógnita da deflação. A União Europeia parece hoje estar refugiada nas trincheiras de uma guerra de que não quer ouvir o ruído. Coloca os capacetes na cabeça e espera que os bombardeamentos passem por cima dela. Mas, no meio de tudo isto, os sinais de fragmentação começam a ser mais evidentes. E agora vêm do sul, o mais pressionado pela crise da dívida. (...)
Renzi [em Itália] torneou as trincheiras da União Europeia e ultrapassou o Rubicão: a política prioritária da CE é diferente das linhas estratégicas que está a definir para Itália. O primeiro-ministro italiano quer sobretudo aumentar o consumo interno o que vai contra a barragem que a CE (e o FMI) recomendam. Ou seja, uma Europa, duas políticas. E isso abre mais uma brecha na pretensa unanimidade europeia. De políticas e de opções económicas e financeiras. "A Doce Vida" já não é o que era.»
Fernando Sobral, no Negócios de hoje.
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